Henrique Granadeiro demite-se da PT

Gestor cai após investimento em holding do Grupo Espírito Santo, que não foi discutido, nem aprovado em conselho de administração.

Foto
Henrique Granadeiro tem estado debaixo de fogo por causa do investimento em empresa do Grupo Espírito Santo Daniel Rocha

Granadeiro renunciou aos cargos de presidente do conselho de administração (CA) e da comissão executiva (CE) da PT. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios e confirmada uma hora e meia mais tarde pela PT em comunicado enviado à CMVM, onde a empresa também revela que pediu uma auditoria externa às aplicações de tesouraria no Grupo Espírito Santo (GES).

Na carta de renúncia de Henrique Granadeiro, a que o PÚBLICO teve acesso, o gestor defende-se dizendo que foi "surpreendido com a situação de incumprimento" do GES e mostra-se convicto de que a auditoria externa "evidenciará os processos e as causas do incidente [da aplicação em papel comercial da Rioforte]: "E demonstrará que sempre agi no melhor interesse da Portugal Telecom, dos seus colaboradores e de todos os accionistas".

"Convivo bem com os meus actos, mas não com os encargos e responsabilidades de outros", diz ainda o presidente cessante da PT, informando que entendeu dever renunciar, "seguindo a recomendação da CE da PT SGPS".

Num comunicado enviado ao final da tarde, a PT diz ter sido informada nesta quinta-feira da intenção de Henrique Granadeiro. “O Presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da PT, Dr. Henrique Granadeiro, informou hoje o Conselho de Administração que, tendo conduzido todos os trabalhos necessários para garantir a convocação de uma AG e toda a informação aos accionistas, apresentou a sua renúncia de todas as funções que detém no Conselho de Administração”, lê-se no comunicado da PT.

Na mesma nota, a PT “clarifica que, em relação às aplicações de tesouraria na Rio Forte Investments S.A. (“Rioforte”), nem o Conselho de Administração nem a Comissão Executiva da PT aprovaram ou discutiram, antes das notícias veiculadas na comunicação social no final de Junho, essas aplicações”.

Assim, o CA da PT “mandatou directamente a PriceWaterhouseCoopers(PwC) para analisar, de forma independente, os procedimentos e actos relativos a este assunto até à data”.

A PT quer ainda que a PwC realize “uma análise abrangente de todos os aspectos relevantes relacionados com as aplicações de tesouraria em entidades do Grupo Espírito Santo”.

Na reunião também se tratou “de rever as etapas preparatórias” relacionadas com a assembleia-geral de accionistas que vai votar os novos termos do acordo de fusão com a Oi. A reunião de accionistas foi convocada para o dia 8 de Setembro. Segundo o comunicado, numa reunião realizada a 10 de Julho (ainda antes de a PT e a Oi terem chegado a novo acordo), o CA deliberou que “a partir dessa data, passariam a ser conduzidos por todo o Conselho de Administração” quaisquer procedimentos relacionados com a fusão com a Oi.

Foi então nomeado um grupo dos seus membros “executivos e não executivos (incluindo membros independentes), para a realização das reuniões de negociação com a Oi”, que resultaram no memorando de entendimento e nos contratos definitivos de 28 de Julho que serão submetidos à AG em Setembro.

A administração da PT “acredita que os interesses dos accionistas da PT continuam a ser mais bem salvaguardados com o contínuo compromisso com a combinação de negócios com a Oi”.

Até 21 dias antes, da realização desta reunião, será disponibilizada aos accionistas a proposta do CA, “incluindo um documento informativo (information statement) com o objectivo de fornecer toda a informação aos accionistas”, acrescenta o comunicado.

Sugerir correcção
Comentar