Pedro Graça

Toda a gente deveria ler a entrevista que Pedro Graça deu a Alexandra Campos no PÚBLICO de anteontem. Acrescente-se o livrinho dele (Alimentação Inteligente — Como Fazer Compras a Baixo Preço) e fica-se com um plano alimentar inteligente, saboroso, barato, português e saudável.

Pedro Graça é um iluminado. Sabe que a luta contra a obesidade é difícil, lenta e política e culturalmente sensível. Não é, graças a Deus, um idealista, um profeta, um revolucionário ou sequer um reformista. Não tem jeito para a política: não faz promessas nem se preocupa com o curto e o médio prazo. É uma criatura raríssima em qualquer país mas mais ainda em Portugal: é um entusiasta paciente, um realista enérgico, um activista tolerante e bem-informado.

Alto e magro — e a viajar no piolho da Ryanair (sem pagar os 15 euros a mais para não fazer bicha) —, veio ter comigo uma vez para falar da dieta tradicional portuguesa. Não fez propaganda; não me convidou para reuniões ou almoços; não se auto-elogiou. Nem sequer falou da minha obesidade e do facto de eu não ter a desculpa de ser pobre ou de ser ignorante.

Refrescou-me a alma. Lembrou-me o meu pai, nos longos anos em que foi director-geral das pescas: o menos político e mais empenhado e tolerante trabalhador que já conheci.

Pessoas como estas fazem muito bem, durante muito tempo, antes de serem afastados por questões de expediência política, como a necessidade de resultados imediatos.

Aproveitemo-lo enquanto podemos.

 

 

 

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