Itália de novo em recessão

Economia contrai pelo segundo trimestre consecutivo. Ministro da Economia apelou ao consumo.

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O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, está no cargo desde Fevereiro ALBERTO PIZZOLI/AFP

Os números, ainda preliminares, foram divulgados nesta quarta-feira pelo Istat, o instituto nacional de estatísticas italiano. Os dados mostram que o último trimestre de 2013 foi, desde Junho de 2011, o único com crescimento (ainda que ligeiro, de apenas 0,1% face aos três meses anteriores). Para que um país seja considerado como estando em recessão são precisos dois trimestres consecutivos de quebras no PIB.

Ajustado à inflação, o segundo trimestre foi o pior de sempre da economia italiana desde o ano 2000. O fraco desempenho vem colocar mais pressão sobre o novo primeiro-ministro, Matteo Renzi, que em Fevereiro, aos 39 anos, se tornou o mais jovem italiano no cargo e que traçou um plano de reformas laborais, fiscais e constitucionais.  
Numa entrevista à televisão italiana RAI, o ministro da Economia, Pier Carlo Padoan (antigo economista-chefe da OCDE), afirmou que “a saída é continuar a estratégia do Governo”. Citado pela agência Reuters, Padoan argumentou que são precisas mudanças estruturais, que incluam cortes na burocracia e um aumento de competitividade. “O Governo está atento às finanças públicas e com controlos de custo cuidados não será necessário um orçamento [rectificativo]”.

Numa outra entrevista, ao jornal italiano Il Sole-24 Ore, o governante sublinhou, como já fizera noutras ocasiões, que o país não ultrapassará o limite do défice imposto pela União Europeia. À imprensa italiana, o ministro garantiu ainda que um recente alívio fiscal d80 euros, dado no trimestre passado a milhões de trabalhadores com rendimentos baixos, não será alterado. “O bónus de 80 euros é permanente. Usem-no. Tenham confiança”, apelou Padoan. Os efeitos do bónus fiscal no consumo ainda não é claro, mas uma associação de retalhistas italiana já veio dizer que o impacto nas vendas foi praticamente inexistente.

A contracção surpreendeu analistas e economistas: os painéis auscultados pelas agências noticiosas financeiras apontavam para um crescimento mínimo.O responsável da Schroders na Europa, Azad Zangana, afirmou que este indicador é "um forte golpe" para o governo de Renzi, "que tem sido lento a implementar reformas substanciais, preocupando-se mais com as questões políticas.

Em Abril, o Governo liderado por Renzi tinha estimado um crescimento económico de 0,8% ao longo deste ano, e de 1,3% no próximo ano. Porém, o Banco de Itália, o Fundo Monetário Internacional e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico apresentaram todos cenários mais negativos. Perante os dados agora divulgados, o Governo italiano já  admitiu publicamente que não vai alcançar aqueles objectivos.

 

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