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Antes de debate decisivo, Londres promete mais autonomia para a Escócia

Primeiro-ministro escocês e líder da campanha pelo "não" à independência defrontam-se na televisão escocesa a seis semanas do referendo.

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As últimas sondagens indicam que há 14 a 16% eleitores indecisos Suzanne Plunkett/Reuters

A pouco mais de 40 dias da histórica consulta, a mobilização é total nos dois campos e o debate, transmitido apenas pela televisão escocesa, é visto como o arranque da fase mais intensa da campanha, em que todos os esforços vão estar concentrados em convencer os indecisos – os números variam, mas as últimas sondagens indicam que 14 a 16% dos 4 milhões de eleitores ainda não sabem como vão votar ou admitem mudar o seu sentido de voto.

Apesar das variações dos últimos meses, os que querem que a Escócia se mantenha no Reino Unido continuam em maioria, mas quer os apoiantes quer os opositores da independência reconhecem que a distância que os separa é passível de ser anulada. Uma síntese de todas as sondagens recentes publicada na semana passada pelo jornal Financial Times conclui que 48% dos eleitores pensam votar “não” contra 36% que apoiam a independência face a Londres. Mas um outro estudo publicado no fim-de-semana colocava o “sim” nos 40%, com uma desvantagem de apenas seis pontos percentuais.

Com a integridade do país em jogo, o primeiro-ministro David Cameron, o líder dos trabalhistas Ed Miliband e o vice-primeiro-ministro Nick Clegg apresentaram uma nova cartada, numa tentativa para contrariar o favoritismo de Salmond à entrada para o debate e dar a Darling mais uma arma para combater a imparável retórica do primeiro-ministro escocês.

“Defendemos um Parlamento escocês forte no seio de um Reino Unido forte e apoiamos o reforço dos seus poderes”, escrevem os três dirigentes na declaração divulgada nesta terça-feira. No papel deixam escrita a promessa de que, seja qual for o resultado das legislativas do próximo ano, Londres irá no prazo de meses reforçar poderes das autoridades locais para cobrar impostos e gerir com maior autonomia o sistema de segurança social. Edimburgo goza desde 1999 de uma autonomia que se estende praticamente a todos os sectores, mas a maioria da população apoia um reforço dos poderes do Parlamento local e a proposta original de Salmond previa que o referendo incluísse uma segunda pergunta sobre esse cenário.

“Ninguém na Escócia será enganado por esta reciclagem de promessas vagas e imprecisas de Westminster para nos conceder mais poderes”, reagiu uma porta-voz do primeiro-ministro escocês, recordando que “Cameron lutou com unhas e dentes para retirar essa opção dos boletins de voto” quando no ano passado acordou com Edimburgo os pormenores da consulta.

À entrada para o auditório do Royal Conservatoire em Glasgow, palco do primeiro e até agora único debate acordado, o líder do Partido Nacional Escocês (SNP) é como o favorito para um embate com duração prevista de duas horas, com direito a troca de perguntas e questões dos espectadores na plateia. Mas é também ele quem vai estar sob maior pressão para vencer o frente-a-frente e dar aos independentistas o impulso capaz de inverter as sondagens.

A imprensa britânica antecipa que Darling, antigo ministro das Finanças do Governo do também escocês Gordon Brown, preparou uma barragem de perguntas para tentar fazer Salmond cair em contradição sobre o seu plano económico para uma Escócia independente, que inclui a manutenção da libra ou previsões consideradas demasiado optimista sobre o aumento da exploração petrolífera no mar do Norte.

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