Um mundo de contradições...

Talvez os CEO indianos tenham ensinado que o talento pode ter todas as cores.

A resposta era: os IITans são super-seleccionados; ensinamos o mesmo que nos EUA. Algumas televisões foram à Índia entrevistar professores, deans, até que um notou: olhe, o meu filho tentou e não conseguiu. À pergunta ávida da entrevistadora, "O que faz o seu filho agora?", teve a resposta: "Concorreu ao MIT e está a estudar em Boston, com uma bolsa."

Verdade ou não... Há três anos concorreram 452.000 alunos para 9000 vagas, após uma longa preparação para o exame. Não são só os primeiros 9000 muito bons: são os segundos e os terceiros 9000, quase com o mesmo nível. E os IIT emigrados criaram fama de que os indianos têm bom raciocínio lógico-abstracto e um rigor de pensamento que os destaca nas TI...

Cá para mim, é tudo gente normal, com capacidades e talentos distribuídos. Há os muitíssimo bons, os bons, os assim-assim, os medíocres e os maus; como são muitos, os muitíssimo bons na percentagem normal parecem infinitos em valor absoluto.

Um professor amigo da América está a fazer uma investigação sobre a liderança dos indianos e pediu-me apoio. Por delicadeza aceitei, dizendo logo o que pensava, e propus-me escrever as minhas impressões e as razões que encontro para, de não haver dirigente de topo indiano nas multinacionais (MNC), de repente está a ser moda. Será para compensar um complexo de discriminação? Contudo, são poucos ainda, talvez em empresas mediáticas... mas bem-sucedidos. Há Indra Nooyi, da Pepsico; Satya Nadella, da Microsoft; Rajiv Suri, da Nokia; Ashu Jain, Co-CEO do Deutsch Bank (podiam os alemães dar a presidência do DB a um indiano?). Há outros, não muitos, mas já se pensa que está no seu ADN...

Noutras partes do globo, "culturalmente atrasadas", ainda se actua na lógica de: para trabalho igual, o dobro para o branco. Talvez pense que ateio racismo; apenas, juízo isento, pois conheço o mundo e a retribuição do trabalho do branco, do indiano ou filipino... Nem de longe o padrão é o mesmo. Quando Lakshimi Mittal, actual rei do aço, quis comprar a Arcelor, houve uma reacção de enfado... dos dirigentes da altura (se alemão..., dos EUA, Japão... mas indiano?). Mittal tem nível e comprou sem ruído; também ignorou a provocação do ministro da Indústria francês... há dois anos.

Talvez os CEO indianos tenham mostrado que o talento não tem cor, melhor, pode ter todas as cores. Antes de 1500, a Índia foi a tentação de Vasco da Gama; e em 1600, a Índia ainda produzia 22,5% da riqueza mundial, mais do que toda a Europa; e o Reino Unido (RU), 1,8%. Em 1878, a Índia era toda "fome e miséria" e o RU 9,1%; e em 1952, a Índia era 2,3%! (A. Maddison e W. Darlymple); os perfis da riqueza seriam diferentes. É que dirigentes de categoria houve sempre, na Índia e no mundo inteiro; a acção destruidora humana é que foi terrível!

 Professor da AESE e presidente da Associação de Amizade Portugal-Índia

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 

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