Jogar videojogos uma hora por dia torna as crianças mais felizes e sociais

Estudo da Universidade de Oxford conclui que nenhum efeito positivo ou negativo é observado quando se joga de forma moderada.

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O "Smart Toy" sabe o nome, idade e género da criança que o usa, e é facilmente pirateável. Daniel Rocha
O estudo, publicado nesta segunda-feira no jornal Pediatrics, foi desenvolvido com o objectivo de determinar “como o tempo despendido a jogar videojogos contribui para uma variação significativa numa adaptação psicossocial positiva e negativa”. Para tal foram estudadas 5000 crianças britânicas, entre os dez e os 15 anos, e os seus hábitos de jogo. Dessa amostra, 75% afirmou que jogava diariamente.

Além da questão do tempo passado a jogar, os investigadores analisaram outros factores como a satisfação das crianças com a sua vida, o estado das suas relações com os amigos e colegas, se gostavam de ajudar pessoas em dificuldades ou ainda o seus níveis de hiperactividade e desatenção. Durante a leitura dos dados recolhidos, que foram combinados entre si e que incluíram as respostas de crianças que não jogavam de todo, a equipa da Universidade de Oxford tentou determinar níveis de adaptação psicossocial e social.

Os resultados revelaram que tanto os níveis baixos de empenho nos videojogos (quando a criança jogou menos de uma hora por dia), como os níveis elevados (mais de três horas de jogo), estavam “ligados a indicadores chave e à adaptação psicossocial”.

Assim, nos casos de baixo empenho nos jogos, as crianças revelaram ser mais felizes e terem interacções sociais mais positivas, tendo sido concluído o contrário quando os jovens passavam mais de três horas em frente a uma consola ou computador. Aqui, as crianças foram consideradas como tendo uma adaptação menor.

O estudo concluiu ainda que nenhum efeito positivo ou negativo foi observado quando as crianças jogaram de forma moderada (entre uma a três horas diárias), comparado com as que nunca jogaram ou com as que o faziam três ou mais horas por dia.

A investigação sugere que a influência dos videojogos nas crianças é diminuta quando comparada com factores como a funcionalidade do seu núcleo familiar, relacionamento com amigos e colegas de escola ou privação de bens materiais.

“As ligações entre diferentes níveis de empenho em jogos electrónicos e a adaptação psicossocial foram pequenas [menos de 1,6% de variação] mas estaticamente significativas”, é indicado nas conclusões do trabalho desenvolvido na Universidade de Oxford. Mais: “Os jogos estão constantemente mas não robustamente associados à adaptação tanto negativa como positiva da criança”.

O cientista comportamental Andrew Przybylski, que liderou a equipa de investigação, sustentou, em declarações à BBC, que esta investigação “pode dar um novo ponto de vista mais matizado”, principalmente quando este tema é geralmente reduzido à visão dos que consideram que os jogos podem ser benéficos e dos que consideram que apenas fomentam actos de violência.

"Estes dados sugerem que não existem efeitos negativos destacáveis em jogar, até que os jovens passem a marca das três horas num dia típico. Serão necessárias pesquisas adicionais para determinar se existe uma regra dura e rápida para que o tempo de jogo passe de uma influência positiva para negativa", defendeu Przybylski ao site WebMD.

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