“Houve um período sem grande alma e chama para representar Portugal”

João Luís Pinto, novo treinador da selecção nacional de XV, afirma que depois do Mundial 2007 “havia quem pensasse que o comboio já estava a andar e era só dar um passo para entrar”

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Miguel Nogueira

Alguns jogadores que estiveram no Mundial 2007 afirmam que falta espírito de sacrifício e alma às novas gerações. Concorda?

Não vejo as coisas assim. Os tempos são outros e hoje os miúdos têm muitas solicitações fora do râguebi e estamos a comparar o auge que atingimos com um princípio. Quando o Tomaz Morais iniciou o caminho para 2007 também não havia. Eu sei que o seleccionador que o antecedeu ligou-lhe a perguntar se tinha jogadores para a selecção porque ninguém queria ir. Apenas um ano depois de o Tomaz assumir a selecção é que começou a haver a vontade e o querer de representar Portugal. Depois do Mundial havia quem pensasse que o comboio já estava a andar e era só dar um passo para entrar e que depois não era preciso muito trabalho. Houve um período sem grande alma e chama para representar Portugal. Estes miúdos que estão a surgir já não têm a imagem de 2007 e sabem que é preciso trabalhar e ter espírito de sacrifício.

O último jogo da selecção foi em Março, contra a Espanha. Considera aceitável a ausência nessa convocatória de jogadores fundamentais que nesse mesmo dia alinharam pelos seus clubes, em França?

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Não é obviamente aceitável, mas nem sempre temos a força suficiente para impedir isso. Vamos tentar dialogar com os clubes franceses para atempadamente apresentar uma convocatória para que não sejam utilizados nesses dias caso sejam necessários. Mas eles são profissionais e pode haver chantagem por parte da entidade patronal.

Esse diálogo foi tentado no passado com pouco sucesso e não impediu, por exemplo, que jogadores abandonassem o estágio de preparação dessa partida frente à Espanha após receberem um telefonema dos seus clubes, a três ou quatro dias do jogo…

Não tenho conhecimento disso. A única coisa que posso dizer é que já trabalhei com alguns jogadores luso-descendentes que me disseram que por Portugal jogam sempre.

Alguns desses atletas que falharam a partida contra a Espanha não eram luso-descendentes. Nasceram em Portugal. Admitindo essa chantagem francesa, considera possível construir uma equipa mudando de XV jogo após jogo?

É impossível. Se os jogadores começarem a mudar a meio do campeonato por vontade deles ou dos clubes, é difícil. Não se consegue ter uma equipa sem saber que jogadores tem. Só se formos treinadores do RC Toulon, onde podemos ter um XV todas as semanas. É por isso que continuamos a apostar no Projecto Academia que, se for bem trabalhado, nos deixará menos dependentes dos jogadores que alinham no estrangeiro.

Lê o resto da entrevista aqui e aqui

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