Novo director do Rivoli quer recuperar públicos da dança

Ainda antes de se estrear, em Janeiro, a programação de Tiago Guedes, o teatro acolherá, a partir de 12 de Setembro, o programa O Rivoli já mexe.

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Tiago Guedes, novo director do Teatro Rivoli, com o vereador da cultura Paulo Cunha e Silva Miguel Nogueira

Escolhido já no início do mês, Tiago Guedes, de 35 anos, até agora director do Teatro Virgínia e responsável pela associação cultural Materiais Diversos e pelo festival de artes performativas com o mesmo nome, terá a seu cargo não apenas o Rivoli, mas também o Teatro do Campo Alegre (TCA). Esta criação de um teatro municipal com dois pólos foi anunciada por Cunha e Silva logo após ter tomado posse, e na conferência de imprensa desta terça-feira precisou que o Rivoli terá “uma programação mais desenhada, com uma marca mais evidente do director de programação”, ao passo que o TCA será “um pólo mais experimental, mais laboratorial, mais aberto às companhias da cidade”.

Precedendo a intervenção de Tiago Guedes, o vereador explicou ainda que o Rivoli iria dar particular atenção às “artes do corpo”, mas que isso não implicava que não estivesse também “aberto ao cinema, ao pensamento ou a novos territórios artísticos”.

Sob a direcção de Tiago Guedes, Cunha e Silva espera que o teatro que a gestão de Rui Rio começou por entregar a privados, e que há muito se encontra sub-aproveitado, se torne “num palco onde a cidade se apresenta e manifesta, mas também num local de importação de propostas artísticas contemporâneas”. E que cruze “a cidade popular com o desejo de uma cidade mais cosmopolita”, estando também atento às “dinâmicas turísticas” do Porto.

Na fase das perguntas, o vereador comentou ainda a petição Teatro Municipal: que serviço público?, assinada por mais de 500 pessoas, que reclama da autarquia uma discussão alargada do que se pretende do Rivoli e do TCA, e que defende a instituição de um “conselho consultivo” composto por “representantes das várias áreas e das várias gerações de criadores/pesquisadores”, que teria competências para avaliar programações e para fazer propostas. Cunha e Silva afirmou subscrever tudo o que se afirma neste documento – cujos promotores promoveram no início deste mês um encontro à porta do Rivoli –, salvo “a proposta  de uma espécie de conselho geral dos teatros”, que seria, argumenta, “um factor de entropia”. A programação deverá ser, sublinhou, “da responsabilidade do director artístico”.

“Um condomínio aberto”

Tiago Guedes garantiu que quer “fazer da relação com os artistas e companhias da cidade uma verdadeira ferramenta de trabalho”, e que procurará “integrar as suas expectativas” na programação que vier a construir. O novo director quer transformar o TCA “num laboratório criativo", uma plataforma rotativa para as companhias da cidade, que ali poderão ocupar temporariamente espaços ou trabalhar com estruturas internacionais em programas de residência. “Uma espécie de condomínio aberto”, resumiu Cunha e Silva, afirmando que a possibilidade de uma companhia residente está inteiramente fora de questão.

Já o Rivoli, deixará de ser apenas “uma sala de acolhimento” para realizar também espectáculos em co-produção, e trabalhará numa “lógica de complementaridade” com instituições como o Teatro Nacional de S. João (com os seus pólos no Auditório Carlos Alberto e no Mosteiro de S. Bento da Vitória) e com a Casa da Música, disse Tiago Guedes.

Para desenhar a programação de 2015, o coreógrafo tem agora três meses, contados a partir da assinatura do contrato como director artístico. E se sabe mais ou menos de que dinheiro irá dispor, a informação não foi divulgada. Cunha e Silva diz apenas que está a trabalhar na “consolidação progressiva” do orçamento do Rivoli/TCA.

Mas ainda antes de a sua programação se estrear, em Janeiro do próximo ano, o Teatro Municipal acolherá, já a 12 de Setembro, a estreia do programa O Rivoli já mexe, ainda promovido pelo pelouro da Cultura. Uma oportunidade que Tiago Guedes diz querer aproveitar para “trabalhar os públicos”, uma das suas prioridades.

Um “serviço educativo transversal e transdisciplinar”, e que trabalhe com todos os públicos, “dos bebés à terceira idade”, e uma política de comunicação eficaz, que passará, por exemplo, pela edição de uma agenda bilingue, são algumas das promessas deixadas pelo novo director.

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