Pitões das Júnias, em Montalegre, reaviva tradição de contar histórias
O primeiro Fiadeiro de Contos vai juntar seis contadores de histórias de 8 a 10 de Agosto.
O objectivo é, segundo Carla Moreira, da organização do evento, "reavivar" um hábito que se foi perdendo ao longo dos anos, em que nos serões as pessoas se juntavam para contar histórias e passar estas histórias às gerações seguintes.
"Não havia televisões e as pessoas tinham mesmo que se juntar e conviver", salientou. Esta é também uma forma, de acordo com a responsável, de preservar o património imaterial.
Assim, neste primeiro Fiadeiro de Contos, seis contadores de histórias vão animar os serões da aldeia, concentrando-se no largo do Eiró e no forno do povo, onde ainda se vai cozendo pontualmente o pão. Por Pitões das Júnias vão passar os contadores galego Quico Cadaval, o brasileiro Thomas Bakk, ainda Carlos Marques, Nuno Pinto, José Craveiro, que ouviu os contos em primeira mão através da sua mãe e avó, e José Dias Baptista, que é natural de Montalegre. "Depois vamos ter um espaço aberto para o qual desafiamos as pessoas da aldeia a contarem também as suas histórias", salientou Carla Moreira.
O programa do evento integra ainda duas sessões dedicadas aos mais novos, jogos tradicionais, através dos quais se quer juntar as gentes locais com os visitantes, e a atuação de um grupo de gaiteiros galegos. Tradicionalmente, as histórias, na forma de fábulas, mitos ou baseadas em acontecimentos reais, eram passadas de geração em geração.
Num tempo em que não se ouvia rádio, nem havia televisão, contar e ouvir histórias era um dos passatempos principais, transmitindo-se, desta forma a herança da identidade de uma comunidade e região. Em Portugal, foi nos anos noventa que surgiram os contadores profissionais, tendo vindo quase todos da prática teatral. O ex-actor José Fontinha foi o primeiro contador que ganhou reputação no nosso país.
"Desde há uns anos para cá que se começou a recuperar um pouco esta tradição. Ao longo do país começa a haver encontros e festivais de contadores de histórias. As pessoas sentem-se familiarizadas com os contos", salientou Carla Moreira. O evento conta com o apoio da Câmara de Montalegre, Ecomuseu do Barroso, Associação para o Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) e Embaixada de Espanha. A responsável espera que o Fiadeiro se possa repetir no próximo ano.