Quino, se me conseguires ouvir, obrigado!

Obrigado por me fazeres rir. Obrigado por me fazeres sorrir. Obrigado por me fazeres pensar. Obrigado por também me ensinares o mundo. Obrigado pela felicidade que já me proporcionaste

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Quino

Não sei se usas a Internet ou se não tens paciência para estas tecnologias impessoais. E duvido que estas palavras algum dia cruzem o teu olhar. Mas fica, aqui, o meu agradecimento.

Obrigado por me fazeres rir. Obrigado por me fazeres sorrir. Obrigado por me fazeres pensar. Obrigado por também me ensinares o mundo. Obrigado pela felicidade que já me proporcionaste. Obrigado pelos desenhos com os quais encadernei muitas da minhas sebentas da escola. Obrigado pelos teus livros, que li na cama, antes de dormir, para que o sorriso fosse o último gesto antes de apagar as luzes e fechar os olhos.

Obrigado por me teres ajudado a ter um sentido de humor. Foi muito garças a ti (e a outros autores de banda desenhada como André Franquin, Francisco Ibáñez, René Goscinny e Albert Uderzo ou Gary Larson) que o desenvolvi.

Não acredito em ídolos porque não os tenho. Mas acredito em pessoas, de carne e osso, que fazem, dizem ou pensam coisas extraordinárias. Tu és uma dessas pessoas. E acredito na gratidão. E a que sinto pelo teu trabalho, demonstro-a aqui.

Considero-te um génio. Porque consegues dar todas as expressões humanas possíveis às personagens dos teus desenhos, apenas com dois ou três traços (eu, que não desenho uma vaca, fico fascinado com esse virtuosismo). Porque consegues expressar, com eficiência e exactidão, as tuas ideias, tantas vezes num só quadro. Génio, porque criaste o que se torna imortal. Porque captaste, à tua maneira, a essência humana. A verdade sobre todos nós.

Todos somos Mafalda (porque contestamos e desejamos um mundo melhor), Manelinho (porque sem pão, nada), Filipe (porque a todos a vida nos angustia e inquieta), Susaninha (porque o fútil e a fantasia fazem parte de nós) ou Liberdade (que até pode ser pequena, mas é sempre tão forte). E todos nos encontramos, a nós e aos outros, nas personagens infindáveis que vivem nas tiras que desenhaste.

Não sei quantas vezes já li e reli os teus livros. As Mafaldas e os outros todos (acho que os tenho todos). E sei tantos de cor… E sei também que já vi a vida, tantas vezes, a ir de encontro ao que desenhaste.

O nosso poeta mor (Camões) disse que há “aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”. Tu és um deles. Em todo o caso, e só para jogar pelo seguro, quando ela te bater à porta, podes sempre disfarçares-te de empregada e dizeres “o senhor não está”.

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