Segundo disse a filha do alegado homicida ao PÚBLICO, Tatiana Borges, que vivia com o casal, “eles já não dormiam no mesmo quarto. Tinham muitas discussões".

"Eu assisti a quase todas. Ele devia estar mesmo cego porque para ele a Tânia era tudo”, acrescentou. Quando aconteciam estas situações, a filha de Rui Borges fugia para casa da vizinha, a quem dizia muitas vezes que o pai “qualquer dia vai matar a Tânia”. 

Tatiana Borges contou, ainda, que o pai lhe telefonou logo após o crime, relatando que a companheira o tentou agredir com um machado e que ele o retirou da sua mão, agredindo-a de seguida até à morte.

Segundo os familiares e vizinhos, as situações de violência doméstica e as ameaças de morte eram constantes. Segundo uma vizinha, “ele tinha muitos ciúmes dela”. A PSP já tinha sido chamada várias vezes ao local, inclusive na noite de terça-feira e no dia do crime, de manhã.

A vítima já tinha apresentado várias queixas de maus tratos na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e na polícia. Contudo, segundo uma prima do casal, “nada foi feito. Foi preciso chegar a esta tragédia”. Segundo fonte policial, Tânia Silva acabava sempre por não prosseguir com as queixas, alegando que o perdoava.

Tânia Silva tinha dois filhos menores de outra relação, de 15 e 17 anos. Rui Borges tinha uma filha de outra mulher. O casal, que estava junto há 15 anos, não tinha filhos em comum. Actualmente estavam desempregados e viviam do rendimento mínimo. O casal estava sozinho em casa quando ocorreu o crime.

O alegado homicida saiu de casa logo após o crime, que confessou ao amigo e a vizinhos, e acabou por ser logo detido pela PSP, sem oferecer resistência. O caso foi agora entregue à Polícia Judiciária.