Prémio Dona Antónia distingue uma arquitecta e uma diplomata

A arquitecta Marta Brandão, uma das criadoras da MIMA House, e a diplomata Luísa Bastos de Almeida são as vencedoras do Prémio Dona Antónia 2013, que pela primeira vez distingue duas personalidades no mesmo ano

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Marta Brandão tem 29 anos e ganhou o Prémio Revelação Dona Antónia DR

Quando do outro lado do telefone lhe disseram que era uma das vencedoras do Prémio Dona Antónia 2013, na categoria Revelação, Marta Brandão começou por achar que era “uma brincadeira”. “Significa uma honra enorme, uma surpresa e, no meu caso, mais do que um reconhecimento é um voto de confiança das pessoas que viram em mim qualidades semelhantes às de Dona Antónia”, disse ao P3 a arquitecta da mediática MIMA House, que partilha o prémio de 2013 com a diplomata Luísa Bastos de Almeida.

Na 26ª edição, o Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira — que distingue mulheres portuguesas pelos seus valores pessoais e profissionais — renovou-se e reconheceu pela primeira vez duas mulheres, em vez de uma, nas categorias Prémio Consagração de Carreira e Prémio Revelação.

A arquitecta de 29 anos vive actualmente na Suíça, onde trabalha como assistente na Faculdade de Arquitectura de Lausanne, e frequenta o segundo ano de um doutoramento. A par disto mantém duas empresas: a Mima House e a Mimalism, uma empresa de venda de mobiliário que será oficialmente apresentada em Setembro.

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O preço base da MIMA House ronda os 40 mil euros José Campos

As duas empresas, que partilha com Mário Sousa, continuam a ter sede em Portugal, em Viana do Castelo. “Temos uma equipa a trabalhar em Viana, fazemos reuniões via Skype todos os dias. É muito intenso trabalhar à distancia, mas já estávamos na Suíça quando houve o 'boom' da MIMA House e como tive oportunidade de fazer o doutoramento achei que devia agarrar a oportunidade. É difícil, mas é possível”, contou.

A MIMA House —que valeu aos arquitectos o Prémio de Archdaily Building of the Year 2011 — continua a conquistar pessoas em todo o mundo. Neste momento, há parcerias a serem negociadas com França, Angola, Brasil, Alemanha e Suíça. O preço base continua a rondar os 40 mil euros, mas “cada MIMA House é uma MIMA House”: “Cada cliente pede coisas diferentes e as ambições individuais são diferentes, por isso é variável”, explica Marta Brandão.

Vários projectos na calha

O que os arquitectos estão prestes a apresentar detalhadamente são duas variações deste projecto: a MIMA Restart e a MIMA Light. A primeira, com “uma linguagem mais clássica e mais sóbria”, vai entrar em fase de construção “muito em breve” e quer “valorizar o pré-existente” e dar especial atenção a “terrenos com ruínas”. A segunda é “mais pequena” que a MIMA House e tem no custo a “diferença substancial”.

Já no dia 4 de Setembro, a dupla vai apresentar oficialmente, numa feira de Design de Paris, a Mimalism, uma empresa de venda de mobiliário desenhado pelos jovens arquitectos. “Criamos essa empresa com mais três sócios. Os artigos estão disponíveis online desde o início do ano, mas a apresentação oficial vai ser apenas em Setembro”, contou, deixando a revelação de mais pormenores para essa data.

Mas há mais novidades. O MIMA Café, que será também um “conceito modular de café que possa ser multiplicado”, está já em preparação. O MIMA Dress “foi um momento experiemental”, fruto da visão abrangente que Marta e Mário têm do design: “Acreditamos que o design se deve estender a todos os elementos que contribuam para a definição do espaço físico, por isso alargamos o nosso trabalho a outros elementos, como o vestuário. Mas foi puramente experimental”, disse a arquitecta.

No segredo dos deuses está a secção MIMA Design. “É um produto que temos reservado para revelar mais tarde. Temos os protótipos prontos e estamos a perceber qual o timing certo para o lançarmos.”

A Sogrape criou também uma iniciativa associada ao Premio Dona Antónia, que prevê que os lucros conseguidos com a venda de garrafas de vinho do Porto Dona Antónia durante o Verão revertam a favor de uma instituição eleita pelas vencedoras e que, no caso de Marta Brandão, será o Gabinete de Apoio à Família.

Luísa Bastos de Almeida, agraciada pelo Prémio Consagração de Carreira, assume funções de Assessora Diplomática do Presidente da República desde Abril de 2012 e foi já embaixadora na Turquia, acreditada igualmente na Geórgia, Azerbaijão e Tuquemenistão.

A diplomata recebeu a notícia com “grande perplexidade e alegria”, relembrando que a sua profissão nem sempre é reconhecida, sendo até muitas vezes invisível, disse em declarações à Agência Lusa.

O Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira, criado em 1988 em sua homenagem pela Sogrape Vinhos e pelos seus descendentes, visa distinguir mulheres portuguesas cujos valores pessoais e profissionais se identifiquem com o perfil da vida e obra da “Ferreirinha”, marcado pelo empreendedorismo e valores humanistas.

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