Portas diz que portugueses "já pagaram muito caro erros do sistema financeiro"
Com a crise no BES em pano de fundo, o vice-primeiro-ministro defende "economia de mercado com responsabilidade ética".
“Nós não acreditamos no Estado como produtor de riqueza e temos receio do Estado como produtor de dívida, mas queremos um Estado que seja um regulador forte e um supervisor eficiente”, afirmou o vice-primeiro-ministro durante as comemorações dos 40 anos do partido, que decorreram sexta-feira à noite em Vila Nova de Gaia.
Reafirmando a ideia defendida no arranque das celebrações, no dia anterior em Lisboa, Portas sublinhou que “o CDS nunca foi chamado a governar em tempos de bonança” e que “foi sempre convocado às responsabilidades em situações de emergência”. “É muito difícil fazer história no condicional, mas eu admito que se o CDS tivesse exercido responsabilidades em tempo de bonança – como se costuma dizer, em tempo de vacas gordas – eu acho que o país seria mais sustentável, por um lado, e por outro teria havido mais justiça social”, acrescentou.
No entanto, afirma, isso não o impede de ter “a ambição de ser um partido maior e de ser um partido posto à prova”, capaz de “inspirar, com mais determinação e mais influência, uma certa ideia de país”. “Nós não gostamos de ver o nosso país entregue a um sindicato de credores estrangeiros porque houve em Portugal governos irresponsáveis que não souberam controlar o défice nem a dívida”, condenou.
Considerando que “o país precisa de governabilidade, que o país tem de ser governável”, o líder centrista recorda que o partido “foi formado numa cultura de partilha de responsabilidades”. “Nós não temos aquela caricatura de coragem dos partidos de protesto que são tão corajosos, tão corajosos que a única coisa que fazem é protestar, tornam-se profissionais do protesto mas nunca dizem às pessoas o que é que fariam se fossem chamados a governar”, criticou.
Paulo Portas aproveitou ainda o discurso para prestar homenagem aos portugueses pelos sacrifícios dos últimos tempos, considerando que o país é hoje “mais livre do que era há um ano”. “Eu espero que a sociedade portuguesa seja muito exigente no presente e no futuro e que exija dos responsáveis políticos garantias efectivas de que o que aconteceu em 2011 não voltará a acontecer e que nós não voltaremos a recorrer à dependência do estrangeiro e dos credores e saberemos governar-nos de forma sustentável, razoável e equilibrada”.