Rivais presidenciais do Afeganistão aceitam auditoria a todos os votos

Secretário de Estado norte-americano consegue mediar acordo entre os dois candidatos.

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John Kerry anunciou o acordo entre os dois candidatos à presidência, Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani Marai SHAH /AFP

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que viajou até Cabul para desenvolver contactos com ambos os candidatos e resolver a disputa quanto à legalidade do escrutínio, informou que a recontagem dos votos deverá começar já amanhã, sob supervisão internacional e com o apoio das forças que integram a missão militar da Nato no país.

O acordo alcançado com os dois adversários políticos “é um forte sinal do compromisso dos dois candidatos com o processo e do seu desejo de restaurar a legitimidade à democracia do Afeganistão”, elogiou o governante dos Estados Unidos. Vingou assim a proposta norte-americana para resolver o impasse.

“Ambas as candidaturas comprometeram-se a colaborar no processo de recontagem, e a aceitar e respeitar o seu resultado”, vincou, acrescentando que, independentemente de quem fosse declarado vencedor, os concorrentes garantiram a formação de um governo de unidade nacional.

A realização da auditoria terá implicações no calendário eleitoral, atirando para uma data ainda desconhecida o anúncio dos resultados definitivos e a tomada de posse do novo chefe de Estado, originalmente marcada para 2 de Agosto.

Antes mesmo do anúncio dos resultados preliminares da votação, as duas candidaturas já tinham posto em causa o processo eleitoral decorrido a 14 de Junho, acusando a comissão eleitoral independente e o campo adversário de fraude e manipulação de resultados.

A contagem preliminar oficial colocou o economista e antigo ministro das Finanças Ashraf Ghani à frente, com 56% dos votos. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Abdullah, foi o candidato mais votado na primeira volta, mas segundo os dados preliminares, só obteve 43% na derradeira votação.

Em 2009, Abdullah Abdullah recusou participar na segunda volta contra o Presidente Hamid Karzai, alegando a existência de fraude na contagem dos votos. Esta semana, declarou vitória e manifestou a sua intenção de constituir um governo paralelo – o que motivou a intervenção de John Kerry.

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