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O PS entre um guterrista e um soarista

A diferença entre António José Seguro e António Costa é política, da verdadeira e nobre política.

A diferença entre eles é outra e é política, da verdadeira e nobre política. António Costa é talvez, hoje, o único herdeiro da ideia de política que Mário Soares transmitiu ao PS (e que Sá Carneiro não conseguiu transmitir de forma sólida ao seu PPD: com algumas excepções os seus seguidores vinham demasiado marcados pelo regime anterior.)

Dos quatro ou cinco jovens que integravam o núcleo duro do então chamado “ex-secretariado” e que todos tiveram ou têm uma parte importante do poder, só António Costa era verdadeiramente independente e, sobretudo, mais curioso e interessado em aprender política do que manhas. Ainda que o tão massacrado José Sócrates tenha sido um muito bom primeiro-ministro, bom político, mas não no estilo que caracteriza o PS.

Claro que se podemos dizer isto é porque António Costa foi mentalmente estruturado num dos melhores ambientes da oposição ao antigo regime e viveu e aprendeu com quem tinha a paixão nobre da política. O PS só consolidou o que ele já trazia como disposições.

Ou seja, a diferença entre estes dois candidatos a primeiro-ministro está na facilidade, na liberdade, no estilo, no dom da palavra, em suma, na capacidade de liderar e de mobilizar os portugueses, de lhes falar do bom e do mau, de os unir em causas de interesse comum, e, na paixão disso, qualidades que António Costa tem como quase ninguém hoje. Costa faz-nos crer que o primado da política pode voltar outra vez à nossa vida colectiva como povo. António Costa volta a ligar-nos à nossa história e a apontar um caminho onde todos teremos lugar. Sendo do seu tempo, do nosso tempo, lembra-nos que vimos do passado e vamos em direcção do futuro.

Pessoalmente, o que espero dele, não é que devolva o nível de vida que já tivemos, o que espero é que oiça quem tem de ouvir em cada decisão, que saiba procurar com outros a melhor maneira de vivermos sem mesquinhez, que saiba falar-nos das decisões que vier a tomar e dos seus porquês, que implemente no país a participação que soube criar na Câmara de Lisboa.

Espero também que abra a sua governação para além do PS. Que torne úteis os senadores da República dos vários quadrantes, dando-lhes missões adequadas aos seus perfis. Que não despreze aquele pequeno partido, o Livre, que no seu primeiro acto eleitoral soube congregar à sua volta muito da inteligência da esquerda.

Acho que se António Costa vier a ser líder do PS, o partido terá de novo à sua frente uma personagem símbolo actual daquilo para que o partido foi criado há mais de 40 anos.

Militante do PS

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