Weidmann ataca Itália, Renzi responde
Responsáveis políticos alemães criticam apelo do primeiro-ministro italiano a que seja dado mais tempo para cumprir as metas orçamentais.
O líder do Bundesbank abriu as hostilidades num discurso feito na quinta-feira à noite, em que disse que o primeiro-ministro italiano, ao comparar a União Europeia com “uma tia velha e aborrecida”, tinha revelado que o seu Governo não estava disposto a abdicar da sua soberania orçamental, isto, apesar de Renzi defender muitas vezes a necessidade de uma união orçamental.
Além disso, Weidmann, em resposta aos apelos de Renzi para que seja dado à Itália mais tempo para cumprir as metas do tratado orçamental, defendeu que “aumentar a dívida não produz crescimento”, acusando a Itália de apenas anunciar reformas, sem as passar à prática.
A resposta de Matteo Renzi não se fez esperar. O primeiro-ministro italiano começou por dizer que não tinha ainda ouvido qualquer comentário negativo às suas políticas orçamentais por parte do Governo alemão. As críticas, disse, vêm dos banqueiros. “O Bundesbank não tem como sua tarefa participar no debate político italiano. Da mesma maneira que eu não falo sobre o Sparkassen ou os Landesbanken”, afirmou numa referência aos bancos regionais alemães que beneficiaram de algumas excepções no apertar das regras de regulação financeira na Europa. “A Europa pertence aos seus cidadãos, não aos banqueiros, sejam eles alemães ou italianos”, finalizou Renzi. Em declarações a vários meios de comunicação italianos, fonte do gabinete do primeiro-ministro italiano respondeu ainda que, “se o objectivo é criarem medo, enganaram-se no país e no governo”.
Este estilo de contra-ataque imediato de Renzi contra a Alemanha já tinha sido ensaiado esta semana no debate de abertura da presidência italiana que teve lugar no Parlamento Europeu. O alemão Manfred Weber, novo líder da bancada do Partido Popular Europeu (PPE, conservador), criticou os apelos italianos a uma maior flexibilidade no tratado orçamental. “Renzi quer mais tempo para fazer as reformas, Barroso deu mais tempo à França, mas ninguém viu as reformas", disse.
O primeiro-ministro respondeu recorrendo também à história recente da UE, lembrando antes o caso da Alemanha em 2004. “Se Weber fala em nome da Alemanha, recordo-lhe que nesta mesma sala, sob a anterior presidência italiana, [a Alemanha] foi o único país ao qual foi concedida flexibilidade e que violou os limites para ser hoje um país que cresce”, disse.