Coreógrafo Tiago Guedes escolhido para novo director do Rivoli

Dos quatro candidatos que passaram à segunda fase, só três propostas foram avaliadas, já que uma delas foi excluída.

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Enric vives-Rubio

Dos quatro candidatos admitidos à segunda fase do concurso público, só três propostas foram consideradas. Por ordem classificativa ficaram, assim, ordenados, Tiago Guedes, José Luis Ferreira e Ana Figueira. A proposta de Pedro Jordão foi excluída por não conter a assinatura digital essencial à aceitação do processo.

Na primeira fase do concurso, Tiago Guedes já se destacara dos restantes candidatos, obtendo quase o dobro da pontuação conseguida, na altura, pelo segundo classificado, o director do S. Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, José Luis Ferreira. Contudo, o arranque da segunda fase previa que as pontuações previamente alcançadas não contassem para a avaliação final, partindo os candidatos em igualdade de circunstâncias.

Nesta segunda fase, lançada em Abril (a primeira fase arrancara a 13 de Março) os candidatos foram convidados a apresentar uma proposta de “metodologia de trabalho para a elaboração do projecto de programação do Teatro Municipal”. Dos quatro itens avaliados – planeamento das fases de trabalho envolvidas na elaboração da proposta de projecto programático; metodologia de implementação da proposta de programação; prazos do planeamento do trabalho de construção da proposta de projecto programático; avaliação e monotorização do trabalho de programação –, Tiago Guedes só não obteve a pontuação máxima no terceiro, tendo sido aí ultrapassado por José Luis Ferreira. Mas, em todos os outros pontos, a pontuação atribuída ao coreógrafo ultrapassou largamente a dos outros concorrentes.

O júri do concurso valorizou, na proposta do ainda director artístico do Teatro Virgínia, em Torres Novas, as medidas concretas de articulação com estruturas nacionais e internacionais, bem como com os agentes e estruturas da cidade, incluindo a relação com as freguesias e as dinâmicas do centro histórico. Tiago Guedes, no entender do júri, também ultrapassou José Luis Ferreira ao abordar estratégias para a educação e formação de públicos, uma vez que este último terá apenas apresentado um programa de formação/criação artística para jovens.

Na decisão do júri terá também pesado o facto de o director do S. Luiz ter proposto a criação de uma equipa de programadores, algo considerado “insustentável”.

Após a divulgação dos resultados, segue-se um período de cinco dias, em que os candidatos preteridos podem pedir esclarecimentos ou contestar a decisão do júri. A manter-se a actual decisão, será realizado um contrato com Tiago Guedes, que terá então entre 60 a 90 dias para apresentar o seu projecto de programação ao vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva. Este terá de aprovar o documento, podendo pedir ao director que faça alterações ou defina uma nova programação, caso não concorde com as sugestões apresentadas.

Natural de Minde, Alcanena, Tiago Guedes, 35 anos, é também o director artístico da associação cultural Materiais Diversos, que organiza, de dois em dois anos, um festival de artes performativas com o mesmo nome.

Debate público sobre teatro municipal agendado para quinta-feira
“Teatro Municipal: Que Serviço Público?”. A pergunta constava de uma petição lançada em Abril, pela plataforma constituída, inicialmente, pela cineasta Amarante Abramovici, pela escritora Regina Guimarães, pelo sociólogo e ex-candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara do Porto, José Soeiro, e pelo director do Teatro Plástico, Francisco Alves, e vai ser o mote para o debate público agendado para as 18h da próxima quinta-feira.

O encontro está marcado para o passeio público, junto à porta do Rivoli e não se sabe ainda quantos dos 557 subscritores estarão presentes, mas Francisco Alves garante que a cantora Ana Deus, o encenador Roberto Merino ou o programador Júlio Moreira já confirmaram a sua presença.

“Convidámos o vereador da Cultura mas responderam-nos que não consideravam adequado participar no debate, uma vez que estava a decorrer o concurso público [para a direcção do teatro municipal]. E esta foi a mesma razão que nos deram para não nos deixarem usar o Rivoli para este encontro”, disse Francisco Alves. O director do Teatro Plástico garante que o documento que serviu de base à petição servirá também de “ponto de partida” do debate, mas que o objectivo é que “as ideias já expressas suscitem outras”.

As conclusões desta discussão pública serão, depois, enviadas para a Câmara do Porto e para outros decisores políticos. Francisco Alves considera que a plataforma está “a fazer o que a câmara deveria ter começado por fazer, auscultar os artistas e ver o que eles querem para o seu teatro”.

 

 

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