Adriana Queiroz revisita Kurt Weill no Teatro Municipal de São Luiz

Durante três noites, Kurt Weill soará em Lisboa na voz de Adriana Queiroz. No Jardim de Inverno do São Luiz, às 21h30.

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Adriana Queiroz DR

Com ela está a orquestra de cordas Concerto Moderno, dirigida pelo maestro e compositor César Viana (autor dos arranjos), para apresentação de um repertório que inclui, entre outras, Alabama song, Die moritat von Mackie Messer, Der Bilbao song, Complainte de la Seine, Youkali, Speak low ou Lost in the stars.

O espectáculo, que conta ainda com as colaborações de Luís Madureira (apoio vocal), José António Tenente (figurinos), Helena Gonçalves e Pedro Mendes (desenho de luz), é explicado deste modo por Adriana Queiroz, que o concebeu: “Percorrer os três países [Alemanha, França, Estados Unidos] e idiomas que Weill abraçou como seus, não fugir à inerente teatralização de que vivem os seus temas, repensar as suas dissonâncias, iluminar a realidade destes temas e das suas histórias criando a nossa verdade sonora e emocional no seu mundo”. Tudo para, no século XXI e num palco português, “repensar o mundo maravilhosamente dissonante e melodicamente atractivo de Kurt Weill.”

Nascida em Novembro de 1963, filha dos cantores Tomé de Barros Queiroz e Mimi Gaspar, ele tenor e ela soprano, Adriana Queiroz ingressou no Ballet Gulbenkian em 1988, sob direcção de Jorge Salavisa, e chegou a primeira-bailarina em 1993, saindo em 1998 para depois colaborar com a Companhia Olga Roriz. Fez teatro, cinema, até que um acidente em ensaios a forçou a abandonar o bailado. Mas não os palcos. E arriscou o canto, com “concertos mais teatrais, com uma linha dramatúrgica”. Kurt Weill, Jacques Brel, Nino Rota. Em 2012 lançou o primeiro disco a solo, Ariadne, com direcção musical de Pedro Jóia a com a participação (para além deste) de músicos como Filipe Raposo, Yuri Daniel, Mário Delgado, Vicky Marques, Edu Miranda e Luanda Cozetti.

Este regresso a Kurt Weill estreia-se num dia de forte concorrência: Fausto Bordalo Dias e a sua genial trilogia das descobertas junto à Torre de Belém, a encerrar as Festas de Lisboa, às 22h; e o lendário grupo cubano Buena Vista Social Club, com Ana Moura por convidada, no EDPcooljazz, jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras, às 21h30. Mas vai ficar três noites no palco do Jardim de Inverno do São Luiz: quinta, sexta e sábado, sempre às 21h30. Para que, revisitando Kurt Weill, reentremos – como escreve, a propósito deste espectáculo, Vicente Alves do Ó – num “lugar habitado pelo génio, pela sobrevivência e acima de tudo pela força da opressiva realidade”. “Enquanto a música de Weill permanecer viva”, diz Vicente do Ó, “o futuro será nosso”. Assim seja.

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