Pistorius não estava mentalmente incapaz quando disparou contra a namorada
A tese de que o atleta sul-africano sofria de ansiedade generalizada foi derrubada pelo relatório médico exigido pelo procurador no recomeço do julgamento.
As conclusões do relatório médico foram reveladas esta segunda-feira, no recomeço do julgamento do atleta sul-africano, a decorrer desde 3 de Março em Pretória, na capital da África do Sul.
O julgamento esteve interrompido, durante seis semanas, a pedido da acusação, depois de a defesa ter alegado, em tribunal, através do depoimento do psiquiatra Merryll Vorster, que Oscar Pistorius sofria de ansiedade generalizada desde criança - problema decorrente em parte da amputação das duas pernas - que fazia com que o desportista tivesse preocupações excessivas com a sua segurança, que o levaram a atirar sobre a namorada, na noite de 14 de Fevereiro do ano passado, por considerar que se tratava de um ladrão.
Para o procurador Gerrie Nel a versão de Pistorius é a “mais conveniente” dos factos e, por isso, exigiu que o atleta fosse reavaliado durante um mês no hospital psiquiátrico de Weskoppies, nos arredores de Pretória.
“Na altura, aquando do alegado crime, o acusado não sofria de qualquer desordem mental ou problema que afectasse a sua capacidade de distinguir o bem do mal” leu o procurador, esta segunda-feira, em tribunal.
Os resultados da avaliação psiquiátrica foram aceites pelo Ministério Público e pela defesa. Contudo, os advogados do atleta sul-africano pediram mais tempo para se pronunciarem sobre as conclusões do relatório clínico que contrariam, na totalidade, a tese defendida pelo psiquiatra Merryll Vorster.
O atleta alega, desde o início do julgamento, que está inocente e que disparou contra a porta da casa de banho da sua casa, em Pretoria, por considerar que no local encontrava-se um ladrão, e não a namorada, de 29 anos. Todavia, a acusação defende que Oscar Pistorius matou intencionalmente a manequim na sequência de uma discussão, confirmada por vários vizinhos em tribunal.
Oscar Pistorius, de 27 anos, tornou-se o primeiro atleta, com duas pernas amputadas, a competir nos Jogos Olímpicos, em 2012, nos quais chegou às meias-finais da prova de 400 metros, e pode agora ser condenado a prisão perpétua.