A primeira boa notícia é que a caixa fica por pouco mais de 60 euros. É só fazer as contas para ver que cada CD fica a preço de crise, o que permite algo interessante: mesmo que já tenha discos repetidos, poderá completar sua discografia e ficar com algumas boas prendas para oferecer.

Desde logo, está incluído o maravilhoso álbum duplo com os Nocturnos de Chopin, uma gravação de 1995 que permanece uma referência na discografia internacional. Seis discos são dedicados a Mozart, um dos marcos no repertório de Maria João Pires que marcou de resto a sua primeira integral para a editora alemã. As suas muito premiadas interpretações dos Improvisos e dos Momentos Musicais de Schubert constam igualmente da edição, assim como algumas sonatas em que Pires explora as mais subtis mudanças de colorido do compositor vienense. A componente de música de câmara que sempre marcou a sua carreira está igualmente presente e representada por alguns dos artistas com que a pianista tem partilhado o palco em anos mais recentes: os violoncelistas Pavel Gomziakov e António Meneses e o pianista Ricardo Castro.

Bach, Beethoven, Brahms e Schumann figuram igualmente na edição mas em menor escala, reflectindo o próprio reconhecimento internacional de Maria João Pires como uma das maiores intérpretes de sempre das obras para piano de Mozart, Schubert e Chopin. Seguindo o exemplo do que já havia feito há alguns anos a editora Erato com as gravações dos chamados “verdes anos”, a Deutsche Grammophon homenageia a pianista portuguesa da melhor forma, tornando as suas interpretações mais acessíveis.