O ilustrador António Jorge Gonçalves venceu o Prémio Nacional de Ilustração 2013, pelas ilustrações de "Uma escuridão bonita", com texto do angolano Ondjaki, foi quarta-feira divulgado pela Direcção-Geral do Livro, Bibliotecas e Arquivos (DGLAB).
O Prémio foi atribuído por "unanimidade", por um júri constituído por Dora Batalim, coordenadora da pós-graduação em livro infantil da Universidade Católica de Lisboa, Pedro Saraiva, catedrático da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e Maria Carlos Loureiro, em representação da DGLAB, que decidiu ainda atribuir duas "menções especiais". Referindo-se ao vencedor, o júri afirma que "as ilustrações se assumem com um corpo fortemente denso e poético". "O texto de Ondjaki fica envolvido por um magma plástico, onde o escuro se revela e se esconde de forma tocante. Esta obra exibe um forte valor gráfico e visual, onde texto e ilustração se contaminam e diluem, mais valioso ainda numa narrativa para jovens", atestam os jurados.
Em Maio, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil do Brasil elegeu "Uma escuridão bonita", um dos melhores livros para a infância e juventude, editados no país, em 2013. As duas "menções especiais" foram atribuídas, por unanimidade, às ilustrações da obra "O pai mais horrível do mundo", de João Fazenda, com texto de João Miguel Tavares, e ao conjunto das ilustrações de "Uma onda pequenina", de Yara Kono, com texto de Isabel Minhós Martins.
48 obras, 38 ilustradores
Sobre "O pai mais horrível do mundo", em acta, o júri afirma: "As ilustrações de João Fazenda destacam-se pela legibilidade gráfica e pela clareza narrativa. É um livro expressivo, empático pela utilização da cor, da dupla página, e pelo movimento das figuras. Trata-se de um verdadeiro álbum, onde a ilustração desmonta os sentidos do texto através da contradição e do humor".
Relativamente a "Uma onda pequenina", os jurados salientaram que "Yara Kono apresenta uma ilustração de essência poética, construída sobre uma paleta cromática autoral e sobre um uso ficcional do conceito de papel, como elemento gráfico na evocação semântica do mar". "A horizontalidade representada pelas linhas do papel/mar constitui o travejamento visual de toda a obra, reforçando a sua coesão", acrescentam os jurados.
Ao Prémio Nacional de Ilustração deste ano concorreram 48 obras, publicadas em 2013 por 27 editoras, da autoria de 38 ilustradores. O Prémio Nacional de Ilustração foi criado em 1996 e tem por objectivo "promover o reconhecimento da ilustração original e de qualidade nos livros para crianças e jovens".
O vencedor, António Jorge Gonçalves, nasceu em Lisboa há 50 anos, é licenciado em Design Gráfico pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e fez mestrado em "Theatre Design" na Slade School of Fine Arts, em Londres, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. O seu trabalho divide-se entre a banda desenhada, a ilustração editorial, o cartoon político — colabora com o suplemento Inimigo Público, do diário Público —, e o desenho digital ao vivo. O ilustrador publicou e expôs em Portugal, na Austrália, Coreia do Sul, Espanha, França, Bélgica e Itália.
O autor tem trabalhado também nas áreas do teatro, música e desenho digital ao vivo, colabora com músicos, actores e bailarinos, não só em Portugal, como em França, Alemanha, Japão e EUA. O ilustrador criou o projecto Subway Life, em que desenha pessoas sentadas em carruagens do Metro em várias cidades do mundo. No passado mês de Março, inaugurou, no Metro de Lisboa, a exposição "Desenhos de cordel", com ilustrações que concebeu para livros de diferentes autores. António Jorge Gonçalves foi distinguido com menções honrosas em 2006, 2008, 2010 e 2012 do World Press Cartoon.