Envelhecer é tramado. Não é que com 40 anos se seja velho, mas também já não se é novo. Embora quando se olhe para o espelho se continue a ver um rapazola de 20 anos, a verdade é que, chegados a esta idade, a cabeça faz promessas que as pernas, por vezes, já não conseguem cumprir.
Serve este introito, em jeito de “crise de meia-idade”, para justificar o essencial desta crónica: os benefícios do râguebi na capacidade de rejuvenescimento dos seus praticantes.
No passado fim-de-semana participei no torneio de veteranos da Moita (Anadia). Coisa em grande, com uma série de equipas (nacionais e estrangeiras), leitão e vinho espumoso. Enfim, o paraíso!
Num jogo de veteranos tudo volta a fazer sentido novamente. É como os astros se alinhassem novamente em plena harmonia e o mundo voltasse aquilo que nunca deveria ter deixado de ser. O nosso capitão continua lá e a sua palavra é lei. O artista da equipa continua a inventar, o rufia da equipa arma confusão! Igual em todas as equipas…
Aqui, os percursos profissionais, académicos e pessoais de cada um não contam para nada. As hierarquias estão definidas há décadas, baseadas noutro tipo de valores: capacidade de liderança, carisma, antiguidade, coragem…
Depois vem a terceira parte (que alguns de nós começam a desejar logo após o primeiro minuto de jogo). Cantamos os “hits musicais” de sempre. Falamos com tipos que já não víamos há anos, mas a conversa é a de sempre: râguebi. À volta de uma cerveja, falamos bem dos nossos clubes, mal da federação e apresentamos uma série de soluções para os problemas do râguebi português (e à quantidade de cerveja que bebemos, imagine-se a quantidade de problemas que conseguimos resolver).
Basicamente ser veterano de râguebi é ser como o Peter Pan. Recusar envelhecer e continuar a brincar (jogar) na Terra do Nunca (campo de râguebi).
Obrigado aos meus amigos da Moita pelo fantástico fim-de-semana que nos proporcionaram e por me terem feito rejuvenescer. Para o bem da saúde pública e sanidade mental, deveria existir um Decreto-Lei que obrigasse toda a população a participar num torneio de veteranos de râguebi pelo menos uma vez ao ano.
Nota: Uma vez que de uma crónica de veteranos se trata, permitam-me que termine com uma palavra de gratidão e reconhecimento para o maior de todos (obviamente na óptica de quem com ele tem o privilégio de conviver desde há muitos anos). Um Homem, daquele grupo de Homens, que foram feitos num molde que já não existe. Por tudo que fez por nós desde miúdos e pelo que para nós representa: Bem-haja Júlio Faria!