Balotelli no centro das críticas ao desaire italiano
Super Mário garantiu que tem a "consciência limpa" e que deu tudo pela selecção italiana.
Vários foram os jogadores do tetracampeão mundial que depois da eliminação frente ao Uruguai, por 1-0, apontaram o dedo ao desempenho dos jogadores mais jovens, particularmente ao de Mário Balotelli.
Gianluigi Buffon, de 36 anos, citado pelo diário italiano La Stampa, admitiu o “fracasso”, mas pediu “serenidade e lucidez nas avaliações”, nomeadamente nas que exigem uma “renovação na selecção italiana”.
“Frequentemente dizem-nos que é preciso renovar a selecção, porque alguns jogadores são velhos. No enquanto, quando é preciso trabalhar, Pirlo, De Rossi e Buffon estão sempre na primeira fila. É preciso que se reconheça mérito a quem batalha no campo, não pelo que fomos um dia, mas pelo que ainda somos. Dentro do campo é preciso trabalhar e nós, os veteranos, sempre o fizemos”, realçou o guarda-redes, eleito o melhor jogador em campo frente ao Uruguai.
Danielle de Rossi, que esteve ausente da partida que marcou o adeus da selecção italiana ao Campeonato do Mundo, devido a uma lesão, subscreveu as palavras de Buffon, e sublinhou que “quem não tem a mesma paixão e o mesmo compromisso [que os jogadores mais velhos] pode ficar em casa”.
“Devemos começar tudo de novo, mas com homens a sério. Sim, precisamos de homens a sério e não de cromos da Panini esses não servem a selecção”, realçou o médio italiano referindo-se a Mário Balotelli que há alguns dias publicou nas redes sociais uma fotografia de uma caderneta, na qual os jogadores da selecção italiana foram todos substituídos pelo cromo da colecção com a cara do jovem avançado.
A gota de água das críticas a Super Mário foi, aparentemente, um vídeo de um adepto italiano, não identificado, no qual afirma: “Mário, tu não és um verdadeiro italiano, sai”.
Balotelli, que no jogo contra o Uraguai foi substituído ao intervalo, publicou o vídeo do adepto na sua conta de Instagram e desabafou pela primeira vez sobre a eliminação da selecção italiana: “Eu sou o Mário Balotelli, tenho 23 anos e não escolhi ser italiano. No entanto, eu realmente queria ser, porque nasci e sempre vivi em Itália. Esperei muito por este Mundial e estou triste, irritado e desapontado comigo mesmo”.
No entanto, o avançado, de origem ganesa, recusou ser o bode-expiatório do fracasso italiano, garantindo que tem a “consciência limpa”. “Não sou o culpado, dei tudo em prol da equipa e não fiz nada de errado”, sublinhou o número 9 dos transalpinos.
“Ou talvez, como vocês dizem, eu não seja italiano. Os africanos nunca abandonariam um ‘irmão’. Nunca! Nós negros, como vocês nos chamam, neste aspecto, estamos anos-luz à frente. Vergonha não é falhar um golo ou correr menos. Vergonhosas são estas coisas… Verdadeiros italianos, a sério?!”, terminou Mário Balotelli, referindo-se às palavras que lhe são dirigidas no vídeo.
Texto editado por Cláudia Bancaleiro