Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo com gestão tripartida
O Paul do Boquilobo foi a primeira Reserva da Biosfera (aprovada em 1981) classificada em Portugal.
Rui Medinas, presidente da Câmara Municipal da Golegã, disse à agência Lusa que a gestão da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo deixa de ficar exclusivamente na esfera do ICNF, que mantém a responsabilidade pela conservação da avifauna, para passar a ser partilhada, assumindo o município um papel “mais interveniente”.
O município procurará “dinamizar de uma forma sustentável um recurso único no sector do turismo de natureza”, disse.
O novo modelo de gestão da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo, a primeira das sete criadas em Portugal no âmbito do programa O Homem e a Biosfera (MaB), da UNESCO, fica definido no protocolo que vai ser assinado no final de um seminário que assinala os 34 anos da reserva e que decorre ao longo do dia de hoje no Equuspolis, na Golegã.
Mário Antunes, da Ongatejo, disse à Lusa que o objectivo é aliar o esforço de conservação da biodiversidade à investigação e conhecimento e a actividades conexas, como o turismo da natureza, sendo as entidades agora envolvidas responsáveis pela elaboração do plano de gestão e do plano de actividades.
Até aqui, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) era responsável pela gestão da Reserva Natural e da Reserva da Biosfera, esta “sob a chancela da UNESCO, obrigando a regras que não se sobrepõem às regras nacionais”, afirmou.
Rui Medinas adiantou à agência Lusa que é também criado um órgão consultivo, que funcionará como “fórum de acompanhamento, reflexão e fiscalização do órgão de gestão” e que integrará outros parceiros, como o Instituto Politécnico de Tomar (IPT), enquanto representante da academia, juntas de freguesia, outras organizações não-governamentais e empresas, nomeadamente dos sectores do alojamento e da restauração.
O seminário começou com uma apresentação, por Fernando Pereira, do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo (DCNF-LVT), sobre os 34 anos de Reserva Natural do Paul do Boquilobo, seguindo-se, ao longo da manhã, a apresentação de estudos realizados pelo IPT.
Luís Santos falará sobre "Uso do solo e conservação de habitats", Vasco Lopes sobre "Monitorização ambiental da Reserva do Paul do Boquilobo" e Sílvia Marques sobre "Contributos para a diversificação da oferta turística da Reserva do Paul do Boquilobo".
À tarde, serão apresentadas as experiências de outras reservas da Biosfera, como são os casos das Berlengas e dos Açores, e apontadas "as potencialidades turísticas da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo”, antes da assinatura do protocolo de gestão, na presença do secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel Castro Neto.
Situado junto do rio Almonda, nas imediações da Golegã, o Paul do Boquilobo possui, nomeadamente, dois maciços de salgueiros, num dos quais está instalada a maior colónia de garças da Península Ibérica, constituindo o outro habitat potencial de expansão ou recurso para aquela colónia.
Da reserva faz ainda parte uma zona permanentemente alagada na margem direita do rio com grande densidade de vegetação aquática, constituindo importantíssimo local de nidificação da fauna aquática, e uma extensa zona de caniçal de grande valor para a fauna paleártica invernante em Portugal, com especial referência para os patos, realça o ICNF.
O Paul do Boquilobo foi a primeira Reserva da Biosfera (aprovada em 1981) classificada em Portugal, seguindo-se, em 2007, a Ilha do Corvo e a Ilha Graciosa, em 2009 a Ilha das Flores e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés (que junta o Parque Nacional da Peneda-Gerês e o Parque Natural da Baixa Limia, na Galiza) e em 2011 as Berlengas (Peniche) e Santana (Madeira).