Média de Português do secundário "vai subir significativamente"

Afinal, não havia razão para preocupações. O exame nacional de Português, com 74 mil inscritos, agradou quer aos estudantes quer à Associação de Professores de Português, que prevê a subida das notas.

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À porta da escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, vários estudantes diziam que “a matéria do 11.º até ajudou” Paulo Pimenta

Há um ano, a média dos exames de Português do 12.º ano igualou o pior resultado de sempre: 8,9 valores, numa escala de 0 a 20. Esse fantasma e o facto de este ano a prova abranger não só os conteúdos programáticos do 12.º ano, mas também os do 11.º, estavam a preocupar professores e alunos. Sem razão, afinal.

À porta da escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, vários estudantes diziam que “a matéria do 11.º até ajudou”. Isto porque o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) optou por não causar surpresas e brindou os alunos com um excerto da obra de Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes, à semelhança do que fizera no teste intermédio. "E as perguntas foram objectivas e bem formuladas”, avaliou Edviges Ferreira.

Eça de Queirós, um autor estudado no 11.º, também apareceu, mas como objecto de análise por Lídia Jorge; e entre as obras estudadas no 12.º foi eleita a de José Saramago, Memorial do Convento. Foi nestes dois casos que Edviges Ferreira detectou as tais “formulações” que podem ter confundido os alunos. “Explicite (…) os contributos do padre Bartolomeu de Gusmão, de Baltasar e de Blimunda para a construção e para o voo inaugural da passarola” – “terão os estudantes detectado que havia aqui duas questões que obrigavam a duas respostas?”, preocupa-se a dirigente da APP.

Outra inquietação está relacionada com as questões de escolha múltipla, sobre o texto de Lídia Jorge. Isto porque, “ao contrário do que sempre acontece”, diz a professora de Português, uma das questões é colocada pela negativa: “No caso de Eça de Queirós, a expressão “triunfo de um ponto de vista” (…) corresponde a uma síntese que exclui a…”. Este exclui, em vez de “inclui”, pode ter sido motivo para confusões, considera.

No que respeita à gramática o teste era acessível, analisou ainda a dirigente da APP, que aguarda que o IAVE divulgue os critérios de correcção para fazer uma análise mais precisa do exame. No último grupo pedia-se aos alunos que reflectissem acerca de duas perspectivas sobre a ambição, vista como "a origem de todas as conquistas humanas” ou como “causa de muitos problemas da humanidade”. 

Ao fim da tarde desta quarta-feira, o Ministério da Educação revelou que fizeram a prova de Português (639) precisamente 68.458 estudantes. Dos menos de 200 da Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, foram poucos os que saíram ao primeiro toque, às 11h30. A maior parte aproveitou a meia hora de tolerância, mas ninguém se queixou de falta de tempo. Pelo contrário, os alunos apareceram sem sinal de stress, descontraídos e optimistas, com o enunciado do exame em punho, a anunciar: “Foi fácil!”

Reunidos em pequenos grupos, compararam respostas, a adivinhar boas classificações nas pautas, que serão afixadas no dia 11 de Julho. Houve quem dissesse que “estava tudo estampado, nem era preciso estudar” e quem confessasse que, apesar de não ter pegado num livro, o exame tinha sido “de caras”.

As poucas queixas que se ouviram diziam respeito às perguntas de gramática, consideradas “ligeiramente confusas”.

Na manhã desta quinta-feira realiza-se outro dos exames mais concorridos do secundário, o de Física e Química A, para o qual se inscreveram quase 55 mil alunos.  No ano passado esta disciplina foi a que teve pior média – 7,8 valores em 20, tendo em conta os resultados dos alunos internos (aqueles que frequentam as aulas até ao final do ano lectivo) e as dos externos (que anularam a matrícula e se auto-propuseram a exame). As médias dos alunos internos geralmente são mais altas do que as dos externos: no caso desta disciplina 8,1, no ano passado.

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