Um “clássico” na Amazónia: quente, húmido e em relvado quase pelado
Itália e Inglaterra defrontam-se neste sábado em Manaus, em jogo a contar para o Grupo D. O campo não está em grandes condições e o clima também não ajuda.
As últimas imagens do relvado do Arena Amazónia mostravam um tapete com muitas falhas e impossível de ser recuperado a tempo do primeiro jogo – e provavelmente dos outros três jogos que vai receber, incluindo o EUA-Portugal a 22 de Junho. Mas, garantem os responsáveis, vai estar “jogável” e não está a ser pintado, ao contrário do que sugerem algumas fotografias de operários no recinto. “São pulverizadores. O funcionário está apenas a aplicar os produtos nas zonas afectadas para a relva crescer”, dizia nesta sexta-feira ao Maisfutebol Miguel Bastos, da RED, empresa portuguesa que é responsável pelos relvados deste Mundial. “Vai dar para jogar, embora não com um bom aspecto. Os problemas aconteceram muito por causa das condições climatéricas”, justifica.
As previsões climatéricas estimam que, à hora do jogo, esteja uma temperatura de 29º e uma humidade a rondar os 88 por cento. Clima tropical, portanto, e longe de ser o ideal para um jogo de futebol. Mas vai ser igual para as duas equipas. “Sentimo-nos pouco confortáveis com o calor. Fizemos treinos em Portugal em que nos sentíamos muito cansados, mas agora já recuperamos melhor”, diz Gary Cahill, defesa do Chelsea. “Temos de entender que vamos jogar na selva e temos de aceitar isso. Se é isso que temos de suportar para jogar num Mundial, que seja”, acrescenta Joe Hart, guarda-redes do Manchester City.
Encontro habitual
O jogo de hoje em Manaus será o 25.º confronto entre italianos e ingleses (oito vitórias britânicas, nove italianas e sete empates), mas apenas o segundo em Mundiais de futebol, depois de um triunfo dos “azzurri” por 2-1 no jogo de atribuição dos 3.º e 4.º lugares do Itália 90, com golos de Roberto Baggio e Salvatore Schillachi – David Platt marcou para os “três leões”, na altura orientados por Bobby Robson. Em competição, a última vez que as duas selecções se encontraram foi no Euro 2012, em que a Itália eliminou a Inglaterra nos quartos-de-final, nos penáltis, chegando depois à final onde perderia com a Espanha.
Mesmo sendo dois antigos campeões do mundo (e há mais um no agrupamento, o Uruguai), nem Itália nem Inglaterra estão no lote dos maiores favoritos. Os ingleses, com Roy Hodgson de novo ao comando, vão aproveitando a boleia do renascimento do Liverpool para lançar algumas jovens promessas (Sterling, Sturridge ou Henderson), ao ponto de a titularidade de Wayne Rooney, durante muito tempo a grande referência, não ser um dado adquirido. Este já vai ser o terceiro Mundial do avançado do Manchester United e ele vai estar no Brasil à procura do seu primeiro golo do torneio. “Posso dizer que esta é a melhor selecção em que já estive”, diz Rooney, o jovem-veterano de 28 anos que teve acompanhamento de um psicólogo como parte da sua preparação para o Mundial.
Se a juventude manda na Inglaterra, a Itália é a voz da experiência. Ainda restam três integrantes da selecção que foi campeã do Mundo em 2006 (Andrea Pirlo, Gianluigi Buffon e Daniele Di Rossi) e o técnico Cesare Prandelli aproveita a base da Juventus, dominadora na Série A nas últimas épocas, para dar alguma estabilidade, embora já tenha dito que gostaria de ser campeão do mundo a usar “equipas diferentes em todos os jogos”. Mas o rigor táctico será sempre a imagem de marca da “squadra azzurra” e, nesse capítulo, Pirlo, o “regista” de 35 anos, garante que a Itália não perde para ninguém: “Ninguém está tão bem preparado como os jogadores italianos no plano táctico. Eu jogo sempre para ganhar. Esta equipa tem tudo o que precisa para ir até ao fim.”