Estou convicto de que os leitores conhecem algumas daquelas pessoas que criticam tudo e todos, apenas porque sim. Daquelas que gostam de contrariar opiniões e até factos, seja com que argumento for, sendo invariavelmente do contra. Ou ainda daquelas pessoas que fazem do “bota-abaixismo”, do menosprezo e da maledicência o seu hobby predilecto. Conhecem alguém assim? Também eu.
Não quero ser mal interpretado: o espírito crítico recomenda-se, é fundamental na vida em sociedade e é uma virtude que, infelizmente, nem todos possuem. Porém, aqueles críticos compulsivos, que se topam à distância, desvirtuam completamente o sentido da crítica. Eles escusam-se a fazer juízos sérios ou apreciações de valor, preferindo antes achincalhar, deturpar, contrariar e, por vezes, ofender as pessoas ou as instituições que, com dignidade, tentam agir, trabalhar ou apenas ser.
Criticar, com argumentos e propósitos dúbios, parece ser o modo de ser e de estar dessas pessoas. Através da crítica fácil e gratuita, não construtiva, esses pseudointelectuais, que se julgam donos da verdade absoluta, demonstram a sua mesquinhez e a sua frustração. Fazem-no até ficarem sem fôlego ou até se cansarem de teclar. Não sei se insistem em fazê-lo à procura de uma resposta ou de uma discussão, ou se o fazem por saberem que o mais provável é não obterem resposta nenhuma. Qualquer frequentador atento de redes sociais, de fóruns, de áreas de debate e de comentários na web sabe ao que me refiro.
Em acessos de fúria e de inconformismo exacerbado, essas pessoas sentem-se — imagino eu — incentivadas a lançar a confusão e a discórdia. Vivem dos conteúdos e das opiniões das quais discordam. Só assim podem dar-se ao trabalho de mandar uma posta de pescada estéril, que muitas vezes até os contradiz, provando que nem perceberam o tema ou a finalidade em causa.
Muitas vezes, são pessoas que se escondem no anonimato, por de trás de um ecrã, sentindo-se à vontade para emitir ataques pessoais ou fazer spam nos comentários. Respeito é uma palavra que raramente consta do seu léxico. São do género de virar à esquerda se tu disseres direita, mas virariam à direita se tu tivesses sugerido virar à esquerda. Partem automaticamente do princípio de que algo que não foi dito ou feito por eles próprios está mal feito. Porque os irrita, porque se deixaram antecipar, por inveja, por desprezo, por malvadez, por cinismo, por hipocrisia, por gozo… Sei lá. Quem é que já não se reviu na expressão “Fui preso por ter cão e preso por não ter”? Estes críticos andam à caça disso mesmo, farejando conteúdos para menosprezar, sejam eles quais forem: poucos são os assuntos e opiniões que escapam imunes a este fenómeno.
Essas críticas ou ofensas fáceis e gratuitas são, geralmente, ocas, inférteis, desprovidas de conteúdo ou argumentação, mas repletas de intenções negativas. Revelam-se atordoantes e caóticas, com défice de seriedade e de sensatez, tendo apenas a pretensão de desconstruir, desvalorizar ou denegrir o que foi feito. E isto inquieta. Por outro lado, a crítica séria e construtiva pode ser muito louvável.