Japão vai "aumentar os esforços" para retomar a caça à baleia

Primeiro-ministro defende posição do país, apesar de interdição recente do seu programa de capturas para fins científicos na Antárctida.

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Os objectivos "científicos" do programa japonês de caça à baleia foram rejeitados AFP/JIJI PRESS

“O meu objectivo é retomar a caça comercial através de programas de investigação sobre os cetáceos, de modo a obter dados científicos necessários à gestão dos recursos baleeiros”, disse Shinzo Abe perante uma comissão parlamentar, em Tóquio, citado pela AFP.

Nas palavras do primeiro-ministro estão duas facetas da posição japonesa quanto à caça à baleia - a comercial e a científica. O país está abrangido por uma moratória determinada em 1986 pela Comissão Baleeira Internacional (CBI) quanto à caça comercial. Na prática, nenhum país pode capturar baleias com intuito de vender a sua carne ou outros sub-produtos.

O Japão tem tentado, ao longo dos anos, reverter a moratória, reintroduzindo a caça comercial. Mas até agora não conseguiu o apoio de um número suficiente de países, entre os que estão representados na CBI.

Mesmo assim, a frota de pesca japonesa caçou milhares de baleias desde 1987, valendo-se de uma abertura da CBI quanto à captura para fins científicos.

Criticados por muitos como uma forma encapotada de caça comercial, os programas científicos do Japão sofreram um rude golpe em Março passado. Num processo intentado pela Austrália, o Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, ordenou às autoridades japonesas que cancelassem todas as licenças para a caça científica nos mares da Antárctida. O tribunal considerou que o número de baleias caçadas não justificam os parcos resultados propriamente científicos do programa.

O Japão cumpriu a deliberação e cancelou o seu programa para 2014/2015, embora mantenha a caça no Pacífico Noroeste, numa escala bem menor à da Antárctida.

Agora, o primeiro-ministro diz que vai fazer tudo para retomar a caça comercial. “Vou nomeadamente aumentar os esforços para que a nossa posição seja compreendida pela comunidade internacional”, disse esta segunda-feira. “É lamentável que este aspecto da cultura japonesa não seja compreendido”, completou.

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