Bruxelas pede à Bulgária que suspenda novo gasoduto da Rússia
O South Stream passa pelo Mar Negro e destina-se a alimentar o mercado de gás de vários países europeus. Construção gera polémica após o conflito na Ucrânia.
O projecto, lançado pela russa Gazprom e pela italiana Eni em 2007, foi apresentado inicialmente como uma nova alternativa na rota do gás russo para a Europa, mas o conflito na Ucrânia veio reforçar as acusações europeias de que é também uma forma de a Rússia retirar importância a Kiev.
Os primeiros passos foram dados há sete anos, muito antes de se adivinhar uma crise profunda nas relações entre a UE e a Rússia, e contaram também com a participação da francesa Électricité de France e da alemã Wintershall. Nos anos seguintes, a Gazprom foi assinando acordos com governos de vários países europeus, como a Bulgária, a Grécia, a Áustria e Itália – alguns dos territórios por onde o gasoduto South Stream terá de passar, depois atravessar o Mar Negro.
Numa altura em que a União Europeia (UE) se comprometeu a procurar alternativas ao gás russo, por causa do conflito na Ucrânia, este gasoduto é um dos símbolos mais evidentes da diferença de sensibilidades entre os vários países europeus.
A Bulgária, que depende do gás russo, classificou a construção do gasoduto no seu território como um projecto prioritário, o que tem originado críticas do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia.
“Enquanto estão a decorrer conversações com as autoridades búlgaras, e até que tudo esteja conforme às leis da União Europeia, pedimos às autoridades búlgaras que suspendam o projecto”, disse à agência Reuters Chantal Hughes, porta-voz da Comissão Europeia.
A resposta foi pronta, com o ministro da Energia da Bulgária a dizer que “não há motivos para dramas”.
“É apenas uma questão de tempo e de diálogo com a Comissão Europeia, para encontrarmos a melhor solução. Apelo à solidariedade da Comissão Europeia. A Bulgária, e outros Estados-membros por onde o South Stream passa, não podem ficar reféns deste conflito entre a Rússia e a Ucrânia”, disse o ministro búlgaro.
Um outro porta-voz da CE, Antoine Colombani, classificou este assunto como “urgente” e disse que Bruxelas está disposta a agir contra qualquer outro membro da UE que trabalhe em conjunto com a Rússia na construção do gasoduto South Stream, em violação das leis europeias.
Em Maio, o Governo da Bulgária escolheu um consórcio liderado pela russa Stroitransgaz para construir o segmento do gasoduto no seu território, uma empresa liderada por Gennadi Timchenko, um dos alvos das sanções decretadas pelos Estados Unidos por causa da crise na Ucrânia.