Engenheiros defendem monitorização e esporões no litoral
Bastonário diz que engenharia costeira está a ser subutilizada para combater a erosão costeira.
Carlos Ramos diz que medidas como as que são tomadas todos os anos – como enchimento de praias e obras de reposição de estragos – não são suficientes para conter a erosão costeira no país. “Somos contra soluções feitas avulso num ano, para no ano seguinte voltar tudo à mesma”, referiu ao PÚBLICO. “Não chega colocar mais areia. É preciso condições para retê-la”, exemplifica.
O bastonário dá o exemplo da Figueira da Foz, onde os molhes construídos nos anos 1960 e prolongados há quatro anos estão a acumular areia a norte, mas a erodir a costa a sul. Ali, diz Carlos Ramos, seria possível transportar a areia de um lado para o outro com base num sistema de dragagem e bombagem. Este procedimento deveria ser complementado com a construção de esporões nas zonas a sul, para reter a areia. O mesmo procedimento poderia ser aplicado a outros pontos do país.
No princípio dos anos 1990, um plano para travar a erosão com centenas de esporões ao longo da costa foi de tal forma contestado que a construção destas estruturas passou a ser vista como uma espécie de tabu. Carlos Ramos diz que a engenharia costeira tem sido subutilizada e que todas as soluções têm de ser consideradas. “Temos de ter o espírito aberto”, afirma.
Outra alternativa que será apresentada esta quarta-feira é a de quebra-mares destacados, que ficam paralelos à linha de costa, semi-submersos, de modo a reduzir a energia do mar antes que chegue a terra. “Não é uma panaceia. É uma das soluções possíveis”, refere o bastonário.
Antes de qualquer solução, no entanto, seria necessário montar um sistema eficaz de observação sistemática do litoral. “Só uma monitorização muito bem estudada permite validar modelos e planear uma intervenção eficaz”, explica o bastonário. “Não se pode fazer boa engenharia sem dados”.