Rival de Sissi considera resultados das eleições um “insulto à inteligência dos egípcios”
Sabahi aceita derrota mas queixa-se de irregularidades. A sua candidatura quer ver anulados os votos do terceiro dia de escrutínio.
Os resultados oficiais ainda não foram divulgados mas os dados preliminares atribuem 3,8% a Sabahi. A votação do candidato de esquerda, único que concorreu contra o marechal poderá ser inferior ao total de votos nulos. Nas presidenciais de 2012 foi o terceiro mais votado com 21,5%
Os partidários de Sabahi querem que sejam anulados os votos do terceiro dia do escrutínio. A eleição deveria ter apenas dois dias mas foi, à última hora, alargada a um terceiro dia devido à fraca participação dos eleitores. Num comunicado divulgado na sexta-feira, citado pelas agências noticiosas, a candidatura anunciou também ter apresentado uma queixa à comissão eleitoral contra, entre outras “irregularidades”, a “campanha feita por partidários de Sissi junto às mesas de voto”.
Sissi, homem-forte das Forças Armadas, liderou em Julho de 2013, após semanas de protestos, um golpe que derrubou o Presidente islamista Mohamed Morsi, eleito há dois anos, com 51,73%, contra 48,3% de Ahmed Chafiq. Na sequência do afastamento do primeiro chefe de Estado eleito, mais de um milhar de islamistas foram mortos e milhares detidos, na repressão de protestos. Sabahi apoiou o golpe contra Morsi e a repressão que se seguiu. Mais tarde disse que foram violados direitos humanos.
Os islamistas apelaram ao boicote da eleição que decorreu entre segunda e quarta-feira.
Ainda que os resultados oficiais deste verdadeiro plebiscito não tenham até este sábado sido proclamados, o triunfo de Sissi é um dado adquirido que confirma todas as previsões dos analistas. A França desejou-lhe já “êxito” e, numa declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, apelou a que tenha uma actuação que respeite as “liberdades públicas”.
O Presidente russo, Vladimir Putin, felicitou “calorosamente” Sissi por telefone, pela sua “convincente vitória”, segundo um comunicado do Kremlin. Os dois dirigentes encontraram-se em Fevereiro, durante uma visita do marechal a Moscovo, que, recorda a AFP, motivou uma reacção dos Estados Unidos dizendo que não competia à Rússia escolher o Presidente egípcio.
Agora, o Governo de Washington manifestou preocupação sobre o ambiente que antecedeu a eleição. Os observadores europeus lamentaram a ausência do processo eleitoral de “alguns actores” da oposição.