Um editor por dia, um livro por dia
Francisco Vale, Relógio D'Água: A Morte de Virgílio, de Hermann Broch.
“O que é diferente e melhor” é o que responde imediatamente Francisco Vale quando se lhe pergunta o que procura nos livros que edita na Relógio D’Água. Seja num ensaio, num romance, num conto ou em poesia, estes critérios são inevitavelmente intuitivos, diz. A melhor forma de os explicar é dizer que, “num texto científico, tem que ser algo de completamente novo e, numa ficção, tem que ser inovador em termos de linguagem, ter um universo próprio”, ao contrário da “literatura mainstream – pré-literatura – que se vai buscar perguiçosamente aos tops dos mais vendidos nos Estados Unidos".
Resumindo: “Só edito o que gosto de ler. Nunca publiquei um livro para fazer dinheiro”, diz Francisco Vale, que fundou a Relógio D’Água em 1983, depois de uma carreira de jornalista que não o satisfazia. Fundou a editora com alguns colegas vindos também do jornalismo com um objectivo muito claro: “Publicar o que gostávamos – portugueses e estrangeiros –, o que íamos escrevendo e de animar a vida literária portuguesa”. É autor de Autores, Leitores e Editores e de dois romances Claúdia Telefonou Dois Anos Depois e Os Amantes Perdem Os Amantes Prendem nos Braços Tudo o que lhes Dói.
Para esta Feira do Livro de Lisboa, Francisco Vale escolhe A Morte de Virgílio, de Hermann Broch, editado pela Relógio D’Água num só volume. “É a reedição num só volume de um dos maiores romances da literatura centro-europeia do século XX, em ruptura com os moldes tradicionais, pois junta narrativa e pensamento, prosa e poesia, subvertendo ainda a progressão linear do tempo. A propósito da morte do poeta Virgílio no regresso de uma viagem à Grécia, A Morte de Virgílio reflecte sobre o sentido da vida e a possibilidade de conhecimento do mundo", explica o editor.