Bloco apela ao voto com dois em um: “revolta e soluções”

Marisa Matias diz que todos os caminhos devem ser feitos para “unir a esquerda”. João Semedo fala de um BE que não gosta de andar sozinho.

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Marisa Matias está no Parlamento Europeu desde 2009 Paulo Ricca/Arquivo

Durante a arruada na Baixa de Coimbra, cidade de Marisa Matias, recolheu vários votos de boa sorte e um recado. “É preciso falar um bocadinho mais de Europa para sabermos o que é que lá andam a fazer”, disse-lhe uma mulher à porta de uma loja. A eurodeputada devolveu-lhe o sorriso e respondeu que tem tentado fazê-lo.

Mas foi no final da visita à Escola Secundária D. Duarte, em Coimbra, que Marisa Matias frequentou há mais de 20 anos, que a cabeça de lista voltaria ao tema das “alianças” políticas, que já tinha esboçado na véspera. Questionada sobre uma esquerda dividida que se pode prejudicar a si própria na noite eleitoral do próximo domingo, Marisa Matias considerou que “há uma aspiração legítima por parte da população em que a esquerda se una”.

“É legítima e acho que todos esses caminhos se devem fazer”, disse, não sem referir que a lista que o partido apresenta a eleições é “uma prova desse esforço”. A lista do Bloco para o Parlamento Europeu tem dez independentes num total de 21 lugares em Bruxelas. “Nós temos estado em todos os processos de convergência, continuamos a lutar para que não só os partidos políticos, mas também associações, movimentos, sindicatos possam convergir e fazer a frente mais unida possível no combate à austeridade”, disse.

Mas foi já na baixa de Coimbra que Marisa pediu votos no partido que dá voz à “revolta”, mas apresenta soluções contra a austeridade. “As pessoas que estão indignadas com a forma como estão a ser enganadas por estas políticas têm de votar no BE, que é o partido que tem dado voz a esta revolta e apresentado a proposta mais sólida, que é a reestruturação da dívida”, defendeu.

Ao PÚBLICO, José Manuel Pureza, que iria mais tarde discursar no comício da noite (já depois do fecho desta edição), prometeu dar força a essa ideia e clamar contra a abstenção. ”Esse voto que muda é um voto que combina contestação e indignação com soluções concretas, desde a renegociação da dívida até às convergências que são necessárias para dar força a uma proposta de esquerda. Esse voto é no BE”, explicou.

Também o líder do BE prometeu explicar as razões pelas quais só o voto no BE representa a esquerda. Não é o voto da “meia austeridade ou da austeridade e meia” e “o BE não precisa de ser empurrado para a esquerda”. Com um ataque implícito ao PCP e um desafio discreto ao PS: “Nós não somos a esquerda que gosta de andar sozinha”, afirmou João Semedo ao PÚBLICO.

No comício da noite, José Manuel Pureza pretendia ainda invocar o testemunho de Miguel Portas, fundador do BE e eurodeputado que morreu em 2012: “Quero invocar o testemunho do Miguel Portas com uma das sínteses da sua vida: ‘Não desistir de nada’. Esta esquerda que aqui está não desiste de nada. Não desistimos de procurar as convergências mesmo quando elas são difíceis e não desistimos de nenhuma proposta mesmo quando todos os comentadores são chamados a dizer que elas são tontas”.

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