Candidato derrotado aceita resultado das presidenciais na Guiné-Bissau

Nuno Nabiam afirmou que tomou decisão em nome da "paz e da estabilidade". Novo Presidente é José Mário Vaz, do PAIGC.

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Nuno Nabiam, durante a campanha eleitoral SEYLLOU/AFP

A declaração aliviou a tensão no país, ainda que Nabiam não tenha reconhecido explicitamente o desaire. “Desejamos boa sorte a quem foi declarado vencedor [mas] insistimos que os resultados proclamados não correspondem aos que nós temos”, disse, citado pela AFP, numa curta declaração à imprensa, quinta-feira à noite.

 “Para o bem da paz e da estabilidade, aceito os resultados divulgados pela comissão eleitoral”, afirmou, segundo a Reuters. Logo que os resultados oficiais foram divulgados, Nuno Nabiam contestou-os, alegando que a sua campanha tinha dados diferentes dos anunciados em quatro de oito regiões do país.  

Os resultados provisórios divulgados na terça-feira atribuem 38,1% a Nabiam. O candidato concorreu como independente e teve o apoio do ex-Presidente Kumba Ialá, que morreu em Abril. Favorito da chefia militar que protagonizou o último golpe de Estado no país, em 2012, teve na segunda volta o apoio do PRS (Partido da Renovação Social, segunda força política do país) e de pequenos partidos extra-parlamentares.

O novo Presidente, ministro das Finanças do Governo derrubado há dois anos, foi eleito com o apoio do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), vencedor das eleições legislativas de Abril, e dos três pequenos partidos parlamentares.

Horas antes da declaração de Nabiam, o PAIGC e o PRS anunciaram, num comunicado conjunto, a intenção de procurarem entendimentos para “garantir a estabilidade”. Os dois principais partidos guineenses não se pronunciaram directamente sobre o passado de violência político-militar mas declararam que não haverá “perseguições” nem “ameaças”.

Na terça-feira, José Mário Vaz e Nuno Nabiam foram recebidos pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, num encontro em que também participou o chefe das Forças Armadas, António Indjai, líder do golpe que afastou o governo de Gomes Júnior. Um comunicado das Forças Armadas divulgado no mesmo dia afirmava que os militares “respeitarão o veredicto proveniente das urnas”.

Depois do anúncio oficial de vitória, José Mário Vaz, 57 anos, disse que “chegou a hora de virar a página e optar por uma política de inclusão na Guiné-Bissau, sem discriminação religiosa ou tribal”.   

Após a proclamação oficial dos resultados será marcada a posse do novo Presidente e do Governo do PAIGC liderado por Domingos Simões Pereira, antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O partido elegeu 57 dos 102 deputados da Assembleia Nacional contra 41 do PRS.

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