O Museu de Serralves vai ser amanhã palco da apresentação de um novo livro dedicado à obra de Manoel de Oliveira. Nelson Araújo, que estudou cinema na Escola Superior Artística do Porto (ESAP) e completou depois a sua formação nas faculdades de Belas-Artes das Universidades de Vigo e do Porto, é o autor e organizador desta publicação, que tem a chancela das Edições 70 e se apresenta com o título Manoel de Oliveira. Análise estética de uma matriz cinematográfica. O lançamento terá lugar no Auditório de Serralves, às 16h30, com apresentação do professor e crítico Carlos Melo Ferreira, sendo também esperada a presença de Oliveira, actualmente a trabalhar na montagem do seu novo filme, a curta-metragem O Velho do Restelo.
Manoel de Oliveira. Análise estética de uma matriz cinematográfica é o texto da dissertação de mestrado em Estudos Artísticos de Nelson Araújo, que viu na obra do cineasta a melhor forma de tratar o tema da visualidade do cinema português nas décadas de 1960-80. No seu estudo, o autor lança “um olhar sobre o percurso fílmico de Manoel de Oliveira, através da decomposição das suas imagens num estilo”. Fá-lo abordando a plasticidade do cinema daquele que considera “um dos maiores cineastas da história do cinema”, e que mais contribuiu — ao lado de autores como Dreyer, Bresson ou Ozu — para “a renascença de um cinema moderno”.
Na segunda parte, esta edição reúne artigos de vários críticos e especialistas na obra do realizador de Viagem ao Princípio do Mundo (filme de 1997, retratado na contracapa do livro): Carlos Melo Ferreira e António Preto, a brasileira Carolin Overhoff Ferreira e o francês Mathias Lavin.
Completa a edição uma interessante entrevista do autor a Manoel de Oliveira, que reflecte sobre temas como o papel da palavra, da cultura, da técnica, da razão e do inconsciente na sua obra. “O subconsciente é que decide, quando a gente vai por um caminho que não conhece é o subconsciente que decide, se vamos por aqui ou por ali e chega a uma parte que bifurca e nós dizemos: bom, agora qual é o caminho que tomo? E vamos ao calha…”, diz o realizador.