Governo tenta evitar proposta alemã de expulsar imigrantes desempregados
Partido alemão CSU, que faz parte do Governo de Angela Merkel, estuda expulsão de estrangeiros que estejam sem trabalho num período de três a seis meses.
"Estamos a acompanhar a situação – directamente, nos contactos bilaterais que vamos tendo, e em acompanhamento permanente através das nossas embaixadas – e, portanto, esperamos que a evolução e as decisões que venham a ser tomadas não penalizem excessivamente os portugueses", afirmou José Cesário.
O Diário de Notícias refere nesta quarta-feira que o partido CSU-Baviera, um dos que integram a coligação do Governo da chanceler alemã, Angela Merkel, avançou com uma proposta de lei para que os imigrantes que estejam desempregados há três a seis meses sejam repatriados. Pelas contas do jornal, a situação pode afectar mais de 5600 portugueses que estão na Alemanha sem trabalho. Ao todo no país estão cerca de 127 mil portugueses, estimando-se que 4,4% estejam desempregados.
"Nós temos bastante desempregados em vários países do mundo", admitiu José Cesário, lembrando que os números de emigrantes portugueses sem trabalho em países como a Suíça, o Luxemburgo ou a Alemanha – onde a questão tem sido mais debatida – "têm de ser considerados". "Estas pessoas podem vir a sofrer consequências de algumas decisões políticas locais que sejam mais rigorosas e radicais", reconheceu.
Por isso, o Governo português tem feito "pressão diplomática" e analisado a situação para "verificar a compatibilidade de todas estas medidas com a própria legislação comunitária – no caso dos países da União Europeia – e os acordos que existem sobre livre circulação de trabalhadores, no caso dos países de fora [da UE], como é o caso da Suíça", explicou.
Embora sublinhe que ninguém pode interferir nas decisões políticas de cada país, o secretário de Estado lembrou que a Europa comunitária tem de funcionar como um todo. "Há regras, há princípios, há documentos que dão corpo a esta Europa. Essas políticas globais não podem ser postas em causa" sob pena de esses países terem de "arcar com as consequências" previstas nos acordos internacionais, alertou.
O PÚBLICO tentou ouvir o secretário de Estado das Comunidades, sem sucesso.