Parlamento líbio chama milícias islamistas de Misrata em sua defesa

General renegado obtém o apoio das forças especiais líbias na sua ofensiva contra jihadistas em Bengasi.

A calma regressou à cidade depois dos combates de domingo, mas a situação permanece tensa perante os sinais de que, após mais de dois anos de caos, começam a emergir dois blocos rivais, opondo algumas das mais poderosas milícias que dominam o país desde a queda do regime de Muammar Kadhafi. De um lado, os grupos islamistas que apoiam a actual maioria no Congresso Nacional, como é o caso das brigadas da antiga cidade rebelde de Misrata. Do outro, um grupo heterogéneo de forças que tem vindo a alinhar com Khalifa Haftar, um antigo general que na semana passada lançou, à revelia do Governo, um ataque contra grupos radicais que actuam em Bengasi, capital da Cirenaica (a metade Leste do país).

Em comum, estes últimos têm o facto de não reconhecerem legitimidade ao Parlamento, cujo mandato expirou em Fevereiro, nem a Ahmed Maiteeq, o primeiro-ministro por ele designado no início do mês – Maiteeq, conta a Reuters, tinha acabado de apresentar o seu governo aos deputados quando, no domingo, o edifício foi atacado por milícias que se disseram leais a Haftar.

Rejeitando a dissolução anunciada pelos rebeldes, o presidente do Parlamento, Omar Hmeidan, convocou nesta terça-feira os deputados para o hotel Radisson Blu, um dos mais vigiados de Trípoli, anunciando que as sessões vão realizar-se ali até que “as forças vindas de Misrata terminem os preparativos para começar a garantir a segurança do edifício do Congresso”. Mas a sessão acabou por ser adiada a pedido do próprio primeiro-ministro e, numa tentativa de conciliação, a comissão eleitoral anunciou a antecipação das legislativas para 25 de Junho.

A mobilização das milícias de Misrata acontece na mesma altura em que o comandante das forças especiais líbias, uma das primeiras e mais bem equipadas unidades do novo Exército líbio, anunciou o seu apoio ao general Haftar. Horas depois, o Ansar al-Sharia – grupo jihadista que os EUA responsabilizam pelo ataque ao seu consulado de Bengasi, em 2012 – avisou que a ofensiva das forças de Haftar “tornou inevitável uma confrontação” na cidade que foi o berço da revolução contra Khadafi.

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