Morreu Hans Ruegi Giger, o criador do Alien

O artista suíço criou a atmosfera do filme Alien de Ridley Scott e o seu protagonista, o extraterreste Alien.

Fotogaleria
Hans Ruegi Giger DR
Fotogaleria
Giger criando Alien DR
Fotogaleria
Giger criando Alien DR
Fotogaleria
Necronom IV, 1976 DR
Fotogaleria
fotograma do filme Alien DR

Giger criou Alien com a ajuda de Carlo Rambbaldi, criador do ET de Spielberg, e esse trabalho valeu-lhe o Óscar de efeitos especiais em 1980. Ridley Scott pediu-lhe que construísse a criatura que dá nome ao filme depois de ter visto Necronomicon, uma antologia de pinturas de seres híbridos, entre o humano e o animal, com uma aura obscura e sexual. Scott sentiu-se especialmente inspirado com a pintura de 1976 Nacronom IV, que serviu de base para Alien. Giger acabou por ser contratado para pensar vários outros aspectos visuais do filme, como o Planeta LV-426 ou o Space Jockey, extraterrestre que deu origem ao Alien.

Nascido em 1940 na Suíça, Giger sempre foi encorajado pelo pai a estudar farmácia, mas formou-se em arquitectura e design industrial em Zurique, nos anos 1960. Aqui começou a trabalhar em design de interiores. Dedicou-se depois à pintura a tempo inteiro – a sua primeira exposição individual nesta cidade foi em 1966. Começou por pintar a tinta, depois a óleo e finalmente com aerógrafo, que viria a abandonar nos anos 1990, usando nessa altura apenas lápis e canetas de feltro. Durante estes anos desenvolveu uma estética própria, inspirada pelo surrealismo de Dalí, pelos contos e fábulas do escritor Sergius Golowin, foi amigo de ambos, e pelas histórias de Lovecraft, autor norte-americano de fantástico e horror do início do século XX.

Para além destas influências, um distúrbio do sono de que sofria, terror nocturno, ajudou a criar as suas primeiras criações. Giger começou a pintar como forma de lidar com esta perturbação que o fazia sentir terror nas primeiras horas de sono. Em 2000, numa entrevista à revista americana Esoterra, o pintor confirmava que pintava aquilo que temia. “Eu pinto aquilo de que tenho medo, mas também aquilo de que gosto. Neste momento, os meus medos são muito estúpidos: problemas de dinheiro. Eu tenho muitas divídas e não muito dinheiro por causa da manutenção do Museu Giger”, disse sobre o espaço que abriu no castelo St. Germain, em Gruyères, na Suíça, comprado em 1998 para expor permanentemente o seu trabalho.

Antes mesmo do sucesso de Alien, Giger já tinha realizado Swiss Made, em 1968 e Tagtraum, em 1973. Dirigiu ainda Giger’s Necronomicon, um documentário de 40 minutos em que mostra o processo de criação do monstro Alien.

Além das suas criações no cinema, Giger participou também no conceito visual por trás de Koo Koo, o primeiro álbum a solo de Debbie Harry, a vocalista dos Blondie, lançado em 1981. Na capa, a cara da cantora aparece trespassada por agulhas o que Debbie Harry descreveu como uma combinação de punk, acupunctura e ficção científica. Também os videoclips das suas músicas I know you know e Backfired, deste mesmo álbum, têm a realização de Giger. No primeiro é visível a ideia do biomecânico, que caracterizava o trabalho do artista plástico: a roupa que a cantora veste tem pintados desenhos que querem criar a ilusão de um corpo mecanizado.

Sugerir correcção
Comentar