Separatistas mantêm referendo no Leste da Ucrânia
Vladimir Putin tinha sugerido que a votação sobre autonomia fosse realizada depois das presidenciais.
Foi assim a resposta ao pedido do Presidente russo, Vladimir Putin, que tinha sugerido na véspera que um adiamento do referendo, organizado à revelia das autoridades de Kiev, seria desejável para “favorecer o diálogo”.
“O referendo vai realizar-se no dia 11 de Maio”, disse Miroslav Rudenko, um dos líderes do auto-proclamado governo da “República Popular de Donetsk”, citado pela agência russa Interfax. O mesmo anunciaram os separatistas da cidade de Lugansk, citados pela agência Ria.
Denis Pushilin, outro auto-proclamado dirigente pró-russo de Donetsk, explicou à Reuters que a dinâmica do referendo separatista é imparável. “Há milhões de pessoas que querem votar. A guerra civil já começou. Só o referendo pode por fim a essa guerra e dar início a um processo político”, disse.
“O referendo tem que se realizar tal como estava planeado, de outra forma não haverá um fim para este impasse”, disse Valentina, uma reformada que não quis dar o seu apelido ao jornalista da Reuters. “Putin está lá, nós estamos aqui e o que eu vejo é que o povo não vai desmobilizar enquanto não tiver a oportunidade de dizer aquilo que quer”.
Ainda antes de ser conhecida a decisão dos separatistas, as autoridades de Kiev anunciaram que vão manter a sua “operação anti-terrorista” para recuperar o controlo das regiões de Donetsk e Lugansk.
Numa primeira reacção de Bruxelas, a porta-voz do serviço diplomático da União Europeia, Maja Kocijancic, criticou a decisão dos separatistas. “Insistimos com firmeza que consideramos que este referendo não se deve realizar porque só vai agravar ainda mais a situação” na Ucrânia, disse aos jornalistas.
Mais sanções?
Os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros reúnem-se em Bruxelas na segunda-feira, um dia depois do referendo separatista – em tudo semelhante àquele que foi organizado na Crimeia em Março, e que serviu de antecâmara à anexação daquela península ucraniana pela Rússia.
Os ministros europeus poderão decidir impor novas sanções e alargar os critérios segundo as quais estas são aplicadas, referiu uma fonte diplomática citada pela AFP. Mas as divergências persistem entre os países europeus que defendem mais firmeza da EU em relação à Rússia e aos separatistas ucranianos, como a Polónia e o Reino Unido, e aqueles que resistem a alargar o espectro das sanções, nomeadamente contra alvos económicos, como a Itália.
Até agora, os 28 têm conseguido manter uma frente unida na estratégia de sanções graduais, actualmente aplicadas a 48 responsáveis russos e separatistas ucranianos.