Cinema indiano “universal”, em linguagem formatada e aperaltada para o gosto comum das audiências “globais”. É o mais decepcionante - e um limite que corta tudo - num filme que até pega nalguns motivos caros à tradição do cinema indiano, por exemplo Satyajit Ray: há alguma coisa de “Charulata” na protagonista feminina, e no seu “falso romance” epistolar (através de mensagens numa lancheira), maneira de reflectir sobre o “machismo” essencial na sociedade indiana, e fazer o balanço entre modernidade e atavismo. Bem intencionado, e não desprovido de alguma fineza na composição psicológica, “A Lancheira” perde-se. Sem remissão, na sua factura sensaborona, super-correcta, sem estilo ou idissioncrasia.
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