Microsoft vai acabar com a marca Nokia nos smartphones

Empresa finlandesa nomeou para presidente executivo o responsável pelo negócio das infra-estruturas de rede, Rajeev Suri.

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Stephen Elop está de regresso à Microsoft Spencer Platt/Getty Images/AFP

Stephen Elop, o ex-presidente-executivo da Nokia que está de regresso à Microsoft como vice-presidente responsável pelo negócio dos telemóveis, explicou, numa sessão online de perguntas e respostas, que “a Nokia como marca não será usada por muito tempo nos smartphones”, apesar de o negócio entre as duas multinacionais incluir uma licença para a Microsoft usar a marca durante dez anos. “Está a ser feito trabalho para seleccionar a futura marca", afirmou.

Até agora, os smartphones da Nokia, equipados com o sistema operativo Windows Phone, têm sido comercializados com a designação Nokia Lumia. A excepção são os modelos apresentados em Fevereiro, quando Elop surpreendeu ao mostrar uma nova linha de smartphones de baixa gama, chamada Nokia X, e equipada com uma versão do sistema Android, redesenhada para ter uma interface próxima da do Windows. O executivo indicou que esta será uma linha de produtos a manter: “Os Nokia X usam a nuvem [de serviços] da Microsoft, não do Google [como acontece com os Android]. É uma grande oportunidade para ligar pela primeira vez novos clientes ao Skype, ao [e-mail] Outlook.com e ao [serviço de armazenamento] Onedrive”.

Novo presidente executivo
Sem telemóveis, o futuro da Nokia será agora conduzido pelo antigo responsável pelas infra-estruturas de rede, que passam a ser o principal negócio na nova encarnação da Nokia, uma empresa que começou por produzir pasta de papel. O indiano Rajeev Suri, de 46 anos e na empresa desde 1995, vai sentar-se a partir de dia 1 de Maio na cadeira de presidente executivo, anunciou a companhia nesta terça-feira, dia em que também apresentou resultados trimestrais.

Excluindo os telemóveis, a Nokia registou vendas de 2664 milhões de euros, uma quebra de 15% face ao primeiro trimestre de 2013. Os lucros operacionais caíram 30%, para os 242 milhões de euros. Mas, excluindo alguns custos extraordinários (uma prática comum das empresas, para darem uma indicação sobre o desempenho do negócio), a Nokia comunicou 304 milhões de euros em lucros operacionais, uma subida de quase 20%. Já a divisão agora nas mãos da Microsoft teve vendas de 1929 milhões no trimestre, uma descida de 30%, e prejuízos operacionais de 320 milhões.

Para além das infra-estruturas de redes, a empresa finlandesa tem ainda um muito mais pequeno negócio de serviços de geolocalização — que facturou 185 milhões no trimestre, um crescimento de 13%, impulsionado pela procura no mercado automóvel —, bem como uma divisão responsável pela propriedade intelectual, incluindo o licenciamento de patentes, que facturou 131 milhões.

As patentes são uma fonte de receita para as empresas de telecomunicações, mas também uma forma de se protegerem de ataques legais, que frequentemente implicam custos avultados. Nesta terça-feira, a Comissão Europeia deu um passo para atenuar os conflitos relacionados com patentes dentro da UE, ao aceitar uma proposta da Samsung segundo a qual a empresa (que conquistou a liderança à Nokia) se compromete a não avançar nos próximos cinco anos com providências cautelares para impedir a venda de smartphones e tablets rivais, nos casos em que as patentes em disputa sejam consideradas essenciais para o sector. Em vez daquele recurso legal, a Samsung comprometeu-se a um período de negociação de um ano com as outras empresas. No caso de não haver acordo, as partes podem decidir recorrer a um tribunal ou a uma entidade arbitral.

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