Director de um dos últimos santuários de gorilas do mundo ferido por assaltantes armados

O ataque ocorreu a poucos quilómetros do local onde está sepultada Dian Fossey, especialista de primatas assassinada em 1985 por caçadores furtivos e celebrizada no filme Gorilas na Bruma.

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Emmanuel de Mérode (à esquerda) em Agosto de 2012 MICHELE SIBILONI/AFP

“Emmanuel de Mérode estava a sair de Goma, capital da província de Kivu do Norte, em direcção a Rumangabo, a grande base do ICCN (instituto congolês de conservação da natureza), quando caiu na “emboscada” de “um grupo de homens armados não identificados”, indicou em comunicado,citado pela AFP, a Sociedade Civil do Kivu do Norte, uma coligação de associações proeminentes da sociedade civil daquele país unidas em prol da defesa da natureza e dos direitos humanos.

Uma fonte da embaixada da Bélgica contactada pela AFP ao fim da tarde de 15 de Abril, o dia do ataque, confirmou que este tinha por alvo o director do parque de Virunga.

Mérode, com 43 anos de idade e pertencente à nobreza belga, foi hospitalizado em Goma. Fora atingido “por duas balas [no abdómen e no tórax], que foram removidas”, declarou Julien Paluku, governador da província. Um cirurgião do hospital explicou pelo seu lado à AFP que a intervenção tinha corrido bem.

Paluku referiu ainda que Mérode fora atacado quando seguia sem escolta no seu jipe. E um porta-voz provincial do exército disse à AFP que um inquérito estava em curso.

Dias depois, Mérode foi transferido para um hospital no Quénia e, segundo a imprensa belga, no fim da semana passada já estava em pé.

Criado em 1925, o parque de Virunga é o mais antigo parque natural africano e foi classificado pela UNESCO em 1979. É o sítio ideal para os grupos armados locais e estrangeiros que desenvolvem actividades lucrativas ilegais como a caça furtiva e a deflorestação.

O diário El Mundo escreve que o que está em jogo é “a cruzada deste príncipe belga pela preservação do ecossistema mais rico e ameaçado do mundo”, acrescentado que os inimigos de Mérode são “os mesmos” que, há quase 30 anos, assassinaram Dian Fossey, a célebre primatóloga norte-americana que passou quase duas décadas a estudar os gorilas de Virunga.

Trata-se de milícias lideradas por senhores da guerra congoleses, salienta este diário espanhol, “que deitam fogo à região” à procura de ouro, urânio, diamantes e outros minérios "a preço de escravos". Desde 1996, já morreram 150 guardas florestais às mãos dessas milícias, frisa, recordando a seguir as declarações de Mérode, numa entrevista recente: “Trabalhamos atrás das linhas inimigas. Isto é território rebelde."

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