Não há muitos anos, David Gordon Green foi considerado uma das grandes esperanças do cinema independente americano. Bastou para isso um filme, George Washington (2000), para o colocar como ponta-de-lança de uma corrente “ruralista” onde viriam também a encontrar espaço Debra Granik, Lance Hammer ou, sobretudo, Jeff Nichols. Entretanto, Green encontrou uma segunda vida como realizador de comédias (Alta Pedrada, Real Desatino, A Desbunda), e quem lhe conhecia a obra anterior ter-se-á perguntado se Green se teria “vendido” a Hollywood. A resposta está no duplo movimento “independente” composto por Prince Avalanche e Joe (com Nicolas Cage, a estrear nas próximas semanas). Este remake de um obscuro filme islandês atira Paul Rudd e Emile Hirsch para um road movie a cem metros à hora sobre a dificuldade que muitos homens têm de abandonar a sua adolescência tardia para assumirem a idade adulta, através de uma semana na vida de dois homens que estão a arranjar a sinalização das estradas rurais de um Texas assolado por incêndios florestais. Espécie de versão amável mas inconsequente do Old Joy de Kelly Reichardt, Prince Avalanche é uma “viagem iniciática” a passo de caracol que respeita e subverte o conceito de road movie com bonomia, sabendo sempre relacionar personagens e espaço sem esforço e com grande elegância; mas sugerindo também que Green se deixou “ultrapassar” em termos de relevância pelos que vieram a seguir.
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