Figura central da “nova vaga alemã” dos anos 1960 e 1970 que revelou Herzog, Fassbinder ou Wenders, Volker Schlöndorff continua a explorar os recantos e as reverberações do evento central (para a sua geração e para a história europeia) que foi a II Guerra Mundial. Aqui, adapta uma peça teatral de Cyril Gély que ficciona a longa noite de Agosto de 1944 durante a qual Dietrich von Choltitz, o general alemão nomeado governador de Paris, poderia ter seguido as ordens de Hitler e destruir por completo a capital francesa. Gély imagina um debate que teria ocorrido noite dentro entre Choltitz e Raoul Nordling, o cônsul sueco; Schlöndorff nunca esconde as origens de palco de Diplomacia, mas domina habilmente a ideia de teatro filmado para explorar a dimensão de performance e representação que se joga entre os dois homens. A “diplomacia” do título é não apenas a habilidade da negociação, mas também o “tudo ou nada” de uma representação para um único espectador, com as convulsões mundiais deixadas do lado de fora, suspensas do triunfo, ou do falhanço, destas performances. É essa sensação de “corda bamba”, de “fio da navalha”, que impede Diplomacia de tombar no “cinéma de papa” contra o qual a geração de Schlöndorff se ergueu, precisa e preciosamente manejada por dois actores de elevado calibre, Niels Arestrup como Choltitz e André Dussollier como Nordling. Clássico, sim, mas nada bafiento.
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