Bouteflika reeleito no “escrutínio do absurdo”

Como esperado, o veterano líder argelino, completamente ausente da campanha, venceu com um resultado mais do que confortável.

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Bouteflika está na presidência há 15 anos Patrick Baz/AFP

No poder há 15 anos, Abdelaziz Bouteflika era o vencedor anunciado, apesar dos cinco rivais. O mais conhecido opositor, ex-ministro que já se candidatara à presidência, Ali Benflis, obteve 12,18% dos votos, anunciou esta sexta-feira o ministro do Interior, Yaeb Belaiz.

Ali Benflis, que em 2004 não tinha chegado aos 7% de votos, fez das acusações de fraude o principal tema da sua campanha – recentemente, um presidente de câmara admitiu que a fraude é comum nas eleições argelinas. Bouteflika tinha tido 90% dos votos nas últimas presidenciais; 85% nas anteriores.

Já o Governo agitou o fantasma da violência terrorista e insistiu que o actual chefe de Estado era o único capaz de garantir a estabilidade. Bouteflika chegou à presidência depois da guerra civil que fez 200 mil mortos com a reconciliação nacional no programa. O chefe de gabinete do Presidente, o ex-primeiro-ministro Ahmed Ouyahia, evocou o risco de voltar a abrir “as portas do inferno” se o resultado fosse contestado.

Cinco partidos, incluindo formações laicas e islamistas, uniram-se numa coligação que defendeu o boicote, denunciando a fraude e defendendo que já não é Bouteflika que governa.

O Barakat (Basta), um novo movimento de protesto, também apelou aos argelinos para não votarem e quer obrigar o Conselho Constitucional a pronunciar-se sobre a capacidade de Bouteflika para governar – o político que teve um acidente vascular cerebral o ano passado nem sequer fez campanha, embora tenha aparecido para votar, na quinta-feira, de cadeira de rodas e em silêncio.

Condenando a “chantagem do medo” exercida pelos próximos de Bouteflika durante a campanha, o jornal El Watan escreve que a abstenção se tornou no “maior partido do país” e que “esta eleição de 17 de Abril ficará na História como o escrutínio do absurdo”.

Bouteflika, com 77 anos, mudou a Constituição para acabar com o limite de dois mandatos presidenciais antes das eleições de 2004. Entretanto, em 2012, tinha sugerido que o seu tempo chegara ao fim e que era altura de os veteranos da independência da Argélia passassem o testemunho às novas gerações.

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