Polícia cerca casa de homem que disparou sobre quatro mulheres e matou duas

Alegado homicida está em fuga, estando a GNR e a PJ a tentar localizá-lo

As autoridades planearam com alguma demora a operação de entrada na casa, já que temem que o alegado homicida esteja armado e dispare contra os agentes. Apesar da precaução, as autoridades admitem que o autor dos disparos se tivesse suicidado, algo que aliás o suspeito já tinha dito que faria nas várias vezes que prometeu matar a ex-mulher e as familiares que a ajudavam e protegiam.

Mal deu os tiros, o suspeito fugiu do local, passando a ser procurado pelas autoridades. <_o3a_p>

O alerta do incidente foi dado pelo Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) à GNR de Viseu e, simultaneamente, por familiares que ouviram os disparos pouco depois das 16h. <_o3a_p>

Na aldeia isolada de Valongo dos Azeites todos dizem que esta era uma tragédia anunciada. As agressões e as ameaças não eram recente e, neste momento, o suspeito até estava obrigado a usar uma pulseira electrónica que tinha o objectivo de fiscalizar a obrigação de se manter afastado da ex-companheira. Ao violar a medida de coacção accionou um alarme num aparelho tipo telemóvel que estava com a vítima e outro na central da DGRSP.

O homem estava proibido de contactar com a ex-mulher no âmbito de um inquérito por violência doméstica aberto no ano passado. Os primeiros a chegar ao local foram os Bombeiros Voluntários de São João da Pesqueira que tinham sido chamados para assistir uma mulher em paragem-cardiorrespiratória. Porém, no local depararam-se com um cenário bem mais complicado. 

Segundo o comandante da corporação, Paulo Esteves, quando chegaram o agressor já não se encontrava no local. Os bombeiros tentaram de imediato socorrer as quatro vítimas - duas que se encontravam no exterior do edifício e duas no interior. A equipa de socorro tentou reanimar, sem sucesso, a sogra e tia da ex-mulher, que morreram no local.          

O helicóptero do INEM que está na base de Santa Comba de Dão resgatou a filha do casal, uma mulher de 30 anos, a ferida mais grave. A jovem foi transportada para os hospitais universitários de Coimbra e a mãe, com 52 anos, foi levada de ambulância para o hospital de Viseu. A mulher mais nova apresenta ferimentos na zona do tórax e teve que ser operada de urgência.  <_o3a_p>

A intervenção foi realizada por cirurgião cardiotorácico que lhe abriu o tórax e reparou as lesões causadas pelo projéctil que lhe atravessou o tronco. “A operação correu bem. A doente está no recobro anestésico em estado estável e a respirar sozinha”, adianta o cirurgião António José Bernardes, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. A operação serviu ainda para remover uma bala alojada na mão direita da jovem. Já a mãe apresentará "apenas algumas escoriações", encontrando-se a realizar diversos exames, informou fonte ligada à unidade de Viseu.

De acordo com vizinhos das vítimas em Valongo dos Azeites, uma pequena localidade com 227 habitantes, a ex-mulher seria vítima de violência doméstica, o que terá motivado o divórcio há cerca de cinco anos. Apesar da separação, o ex-marido terá continuado a perseguir a antiga companheira que terá ameaçado de morte inúmeras vezes na presença de terceiros, contaram ao PÚBLICO. 

No final do ano passado, a GNR realizou buscas na residência do alegado agressor, em Trevões, uma localidade que fica a poucos quilómetros de Valongo dos Azeites. Na diligência, realizada no âmbito do inquérito por violência doméstica, foram apreendidas várias armas encontradas na casa. A GNR acredita que o suspeito terá comprado recentemente a caçadeira usada esta quinta-feira. 

Os moradores de Valongo dos Azeites, que preferem não se identificar com medo de represálias do alegado homicida, elogiam a combatividade da ex-mulher e dizem que o alegado homicida é um homem agressivo, que não se cansava de perseguir a antiga companheira. "Ela até chegou a estar fugida numa daquelas instituições de acolhimento de vítimas de violência, mas ele acabava sempre por a encontrar", relata uma vizinha. Por isso, há cerca de dois anos a ex-mulher decidiu regressar à terra onde nasceu, tendo ficado alojada em casa da mãe. 

As agressões continuaram e o suspeito terá chegado a arrombar a porta da casa onde vivia a ex-mulher e a ameçar alguns dos seus patrões por lhe darem emprego. A senhora terá então decidido colocar a mãe num lar, onde a tinha ido buscar para passar a Páscoa em família. <_o3a_p>

O casal teria um processo em tribunal em que a ex-mulher exigia a restituição de uns terrenos que pertenciam à sua família e que o ex-marido terá colocado em seu nome, sem o seu conhecimento – a mulher que terá assinado de boa fé os documentos sem saber para que efeitos seriam. Além da filha que foi ferida com gravidade esta quinta-feira, o casal tem ainda um filho, com cerca de 30 anos, que vive na Régua.

Sugerir correcção
Comentar