Remoção de 88 mil toneladas de resíduos perigosos em Gondomar começa “dentro de dias”

Governo visitou o antigo complexo das minas de São Pedro da Cova e garantiu que a remoção demorará nove meses. Mas falta o visto do Tribunal de Contas. Freguesia está preocupada com a qualidade da água.

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Remoção deverá demorar nove meses Adriano Miranda/Arquivo

“Neste passivo ambiental de São Pedro da Cova consolidaram-se um conjunto de riscos ao longo destes 13 anos que vão ser resolvidos nos próximos nove meses. Este contrato vai permitir erradicar um problema, com o financiamento 13 milhões do Orçamento de Estado e com o Orçamento Comunitário ”, disse o governante depois da assinatura do contrato e de uma caminhada pelo terreno íngreme.

Os resíduos – chumbo, cádmio, crómio, arsénio e zinco – estão depositados, mas não estão visíveis já que ao longo das últimas décadas foram cobertos por terra. Os detritos foram ali colocados depois do encerramento das minas, no final da década de 1970.

Segundo o governante, a remoção, que irá obrigar à movimentação de 70 a 80 camiões nesses nove meses, estará concluída ainda este ano. “Isto dá bem uma ideia do impacto ambiental que as populações sofreram ao longo dos últimos anos. Estamos a falar de resíduos perigosos com uma forte presença de chumbo, o que tem significado na qualidade da vida das pessoas. Os passivos ambientais têm impacto na água, no solo e no ar”, apontou o ministro que realizou aquela visita no âmbito do segundo roteiro para o crescimento verde em jornada pela resolução dos passivos ambientais. Esta terça-feira, Moreira da Silva visitou também a célula de lamas não estabilizadas e a ETAR de Alcanena.

No local, o director da Agência Portuguesa do Ambiente-Norte, Pimenta Machado, fez questão de garantir que todas as casas próximas têm água da rede e que as análises mais recentes dão conta de que quem tem poço próprio pode usar a água para rega sem perigo. O ministro precaveu, porém, que a remoção dos resíduos poderá vir a ter um “impacto nos recursos hídricos à medida que vamos mexendo” neles.

A qualidade da água foi uma das maiores preocupações mencionadas pelo presidente da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, Daniel Vieira. “A qualidade da água nesta região preocupa-nos”, sublinhou acrescentando que a assinatura do contrato é o “culminar de um processo de luta” da população  que “teve esta vitória”.

São Pedro da Cova quer requalificação ambiental e cultural do espaço como recompensa
Daniel Vieira desafiou ainda o Governo a requalificar o espaço em termos ambientais e culturais para recompensar a população para “um problema imerecido”. Igual desafio fez o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Emídio Gomes. Porém, o ministro não se quis pronunciar sobre essa possibilidade.

“Foram aqui depositadas toneladas da extinta fábrica de siderurgia nacional. Não haveria melhor compensação. Temos aqui um património cultural e histórico das minas de carvão e toda esta área verde”, frisou o presidente da união de freguesias.

Também o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, saudou a correcção de “um crime ambiental” e desejou que São Pedro da Cova seja um “exemplo para que estes crimes não se voltem a repetir”.

Questionado sobre os prazos obrigatórios para cumprir com a obtenção de visto para o contrato junto do Tribunal de Contas , o ministro disse confiar que o processo será célere e que  tem sido “conturbado” porque ao longo dos últimos meses o Governo foi alegando o interesse público face a várias providências cautelares.

A adjudicação feita, na altura, pela então ministra Assunção Cristas à empresa Ecodeal – Gestão Integral de Resíduos Industriais, pelo montante de 9,9 milhões de euros e as providências foram interpostas por duas das 14 empresas que se apresentaram a concurso.

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