Portugal aumenta número de licenciados, mas continua longe da média europeia

O número de licenciados entre os 30 e os 34 anos cresceu e o abandono escolar diminuiu em Portugal, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat.

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Rui Gaudêncio (arquivo)

O objectivo de, em 2020, ter um Portugal um total de 40% da população entre os 30 e os 34 anos com formação superior traz à discussão outras questões. Desde logo, a empregabilidade e a adaptação da oferta por parte das instituições de ensino superior. A capacidade de escoamento do mercado de trabalho não é proporcional à quantidade de diplomados que todos os anos são lançados pelas instituições. Nesse sentido, as universidades viram-se obrigadas a adaptar a sua oferta, diminuindo, em alguns casos drasticamente, o número de vagas disponíveis e contrariando a desejável tendência de aumento do número de pessoas com formação superior.

O Eurostat revela que a percentagem de licenciados entre os 30 e os 34 anos aumentou em Portugal. Porém, em Dezembro do ano passado o investigador da Universidade do Porto José Pedro Amorim apresentou a sua tese de doutoramento, que concluía precisamente que as instituições de ensino superior estão cada vez mais fechadas a novos públicos. O investigador considerou que existe uma desvalorização dos estudantes mais velhos, em vez de um reconhecimento da sua experiência.

O relatório mostra também os números da evolução do abandono escolar e revela que o problema tem vindo a recuar, ainda que de forma mais expressiva num países do que noutros. Em Portugal, se pusermos em retrospectiva os últimos 20 anos, vemos que a evolução foi significativa – passou de 12,6% para 1,7% de acordo com o estudo Atlas do Abandono e do Insucesso Escolar em Portugal, apresentado em 2013, pelo ex-ministro da Educação David Justino. Os dados do Eurostat, que se concentram na amostra de jovens entre os 18 e os 24 anos, indicam um valor de abandono escolar de 19,2%. Um recuo em relação a 2012, que registou 20,8%.

O aumento da formação superior dos europeus continua a ser um objectivo dos governos e das instituições e, em Portugal, traduz-se mais recentemente no programa Retomar. A iniciativa, levada a cabo com verbas europeias, visa motivar estudantes que deixaram o ensino superior por motivos financeiros a retomarem os estudos. O programa funcionará através da atribuição de bolsas especiais que permitem aos jovens, com menos de 30 anos e sem emprego, o regresso aos estudos. Mais do que aumentar o número de licenciados, o Retomar é uma ferramenta de combate ao abandono escolar – a outra problemática presente nas estatísticas do Eurostat.

Em Março do ano passado, o PÚBLICO recolheu dados relativos ao abandono do ensino superior em sete universidades (metade da oferta nacional) e percebeu que, numa comparação entre 2012 e 2013, se registou um aumento do cancelamento de matrículas na ordem dos 6%. Relembre-se que estes dados diferem das conclusões do Eurostat, um vez que o gabinete europeu de estatística apenas se centrou no abandono entre jovens dos 18 aos 24 anos. Um estudo levado a cabo pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas em 2013 – que também se focou no abandono do ensino superior – revela que a principal causa do abandono é a falta de dinheiro.


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