Ex-vereadora do PSD quer respostas da Câmara de Lisboa sobre classificação do Dispensário de Alcântara
"Não quero acreditar que nada tenha acontecido", diz Margarida Saavedra referindo-se ao facto de a Direcção do Património dizer que não recebeu do município qualquer pedido de classificação.
Margarida Saavedra diz ter ficado “muito surpreendida” com uma notícia do PÚBLICO, na qual a responsável pela comunicação da Direcção-Geral do Património Cultural (a que o IGESPAR deu lugar) diz que a este organismo não chegou qualquer proposta de classificação do edifício. “Nunca tivemos aqui nenhum pedido”, disse Maria Resende, acrescentando que a última informação constante no processo é de 2007 e refere-se uma comunicação da câmara sobre a abertura de um procedimento de classificação como Imóvel de Interesse Municipal.
“Fiquei admiradíssima”, diz a ex-vereadora do PSD. “Sendo uma deliberação da câmara, que é um órgão soberano, a decisão tem de ter uma sequência lógica. Não quero acreditar que nada tenha acontecido”, acrescenta Margarida Saavedra, explicando que enviou nesta quarta-feira uma carta ao presidente da autarquia, António Costa, pedindo-lhe esclarecimentos sobre o assunto.
Nela, a ex-vereadora pergunta em que data foi formalizado junto do IGESPAR o pedido de abertura do procedimento de classificação e, “caso não o tenha sido, por que razão a Câmara de Lisboa não deu sequência à proposta”.
Margarida Saavedra, que é actualmente segunda secretária da Assembleia Municipal de Lisboa, também quer saber “qual a razão para o processo de classificação do Dispensário de Alcântara como Imóvel de Interesse Municipal não ter sido concluído, sete anos depois da sua abertura”.
Também o Partido Ecologista Os Verdes dirigiu nesta quarta-feira um requerimento à presidente de assembleia municipal sobre o caso. Nele a deputada Cláudia Madeira pergunta, entre outras coisas, se o município tem conhecimento do projecto de reconversão do imóvel para habitação, que a Estamo (a imobiliária de capitais públicos que é proprietária do mesmo) anunciou estar a desenvolver, e se já houve alguma vistoria ou foi apresentado algum estudo de caracterização do imóvel.
O Dispensário de Alcântara, no gaveto da Avenida Infante Santo com a Rua Tenente Valadim, está, como o PÚBLICO noticiou no dia 3 de Abril, à venda por 1,917 milhões de euros. As propostas para a compra do prédio, que se encontra devoluto e foi alienado em 2005 pelo Governo por 2,250 milhões de euros, podem ser apresentadas até ao dia 29 de Abril.