PSD quer discutir política de rendimentos associada à produtividade

Marco António Costa foi recebido pelo primeiro-ministro, que esta terça-feira à tarde reúne com todos os partidos para falar sobre o pós-troika. O encontro com o PS já teve lugar há três semanas.

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Enric Vives-Rubio
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O dirigente falava após um encontro com o primeiro-ministro a propósito do pós-troika, em São Bento, e respondia a uma pergunta sobre o aumento do salário mínimo. 

O debate, em sede de concertação social, deve incidir sobre "uma política de rendimentos transversal públicos e privados" que relacione com a produtividade, acrescentou. Em causa está a preocupação com a dívida privada (designadamente das empresas).

Marco António Costa aproveitou para esclarecer o que considerou ser um debate "pitoresco" que se gerou desde que Passos Coelho anunciou a disponibilidade do Governo para discutir o aumento do salário mínimo. O dirigente social-democrata rejeitou a ideia de que o primeiro-ministro tenha mudado de opinião sobre a matéria e lembrou que o enquadramento macro-económico é diferente actualmente do que há um ano quando "o desemprego estava a crescer e havia uma recessão económica". 

Relativamente à saída do programa de resgate, Marco António Costa revelou que o Governo "ainda tem tempo" para tomar uma decisão e que está a "recolher informação" para essa decisão. O vice-presidente do PSD lembrou que as taxas de juro hoje estão a menos sete pontos percentuais do que se encontravam a 1 de Abril e que Portugal tem 16 mil milhões de euros de "almofada financeira", valor que contrasta com os "300 ou 800 milhões de euros" em 2011 quando pediu o resgate financeiro.

Pelo CDS, o vice-presidente Nuno Melo não se quis pronunciar sobre a proposta do PSD e reiterou as críticas ao líder do PS por pretender discutir o salário mínimo enquanto estava em vigor o programa de assistência financeira, que impede alterações no valor. Quanto à saída do programa, Nuno Melo deixou uma ideia já referida por Paulo Portas quando colocou ambas as opções - à irlandesa ou com programa cautelar - como limpas.

Nas bancadas da oposição, o secretário-geral do PCP criticou o sentido da proposta do PSD sobre o salário mínimo nacional. "Vêm sempre a produtividade e a competitividade como custos de trabalho. Outros factores de produção como a energia ou os transportes, que sufocam as empresas, aí nem pensar, há grandes interesses", disse aos jornalistas Jerónimo de Sousa, defendendo o aumento do salário mínimo.

Sobre o pós-troika, o líder do PCP disse não haver diferença com o período actual, já que o Governo pretende "prosseguir com a política de cortes". "Não vai haver um período pós-troika", afirmou, referindo-se ao Tratado Orçamental como "um colete de forças" em que o país vai estar sob vigilância. "O final do pacto de agressão, chamado de memorando de entendimento, é de facto formal", afirmou o secretário-geral do PCP. Questionado sobre a paz social de que falava o vice-presidente do PSD como necessária para o pós-troika, Jerónimo de Sousa respondeu: "Isso significaria aceitar a paz dos cemitérios."

O coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, deu conta de que há um conflito definitivo com o Governo que “está preocupado com os credores e os mercados”. Apesar de o salário mínimo não ter sido abordado na reunião, o dirigente bloquista manifestou a convicção de que se vai manter nos níveis actuais. “Num contexto de austeridade é muito difícil que o Governo cumpra o que se tem vindo a falar que é o aumento do salário mínimo”, disse João Semedo aos jornalistas.

Hoje foram recebidos todos os partidos, à excepção do PS. O líder dos socialistas já foi recebido há algumas semanas, mas não chegou a qualquer entendimento com Passos Coelho. No final desse encontro, António José Seguro alegou existirem “divergências insanáveis” com o primeiro-ministro. 

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